20 de dezembro de 2008
Cena 1: Sonhei com amigos, sonhei com lugares onde há muito não vou, sonhei com presentes que me deixaram de boca aberta e... acordei.
Cena 2: Sonhei com adversários, lutas antigas, conflitos ardentes, discussões inúteis, personae non gratae, cenários de horror e... acordei.
Que há de diferente nestes dois acordares? Independentemente do cenário que neles desenrola, no meu caso, isto acaba por me influenciar para o resto do dia. Os sons, as cores, os gestos e movimentos do dia e da noite podem-nos influenciar... e quando nos transportamos para um mundo onírico? Qual é a impressão que transportamos do mundo de Morfeu para esta realidade? Será isto a acção da Alma?
Há convenções culturais que nos influenciam. No binómio dinâmico "influência externa-projecção externa", nunca se saberá qual terá maior preponderância em nós. Agora, que essa preponderância se manifestará em nós de maneiras diferentes, isso acontecerá sem dúvida. E, concordando com a ©, é a Alma o grande filtro. No entanto, acredito que muita da associação bom tempo/dia - bom estado de espírito, é um forte "imprint" socio-cultural.
Eu gosto de dias cinzentos. Gosto, aliás, de sair nos dias cinzentos, e ainda mais de ir para a beira-mar, caminhar na areia e sentir a chuva na cara. Quando estava em Gent, houve grandes chuvadas, alturas nas quais eu olhava para o céu e desejava que tivesse um meio de transporte rápido para me levar até à beira do mar do Norte (algo que nunca cheguei a fazer, fizesse chuva, fizesse sol).
E que dizer do sol forte das 11h-15h? Para mim, desde há uns anos, é uma altura profundamente deprimente. A polaridade da Luz (não sei se já vos contei) dessa fase do dia deixa-me muito rabugento e meio perdido. Se calhar é essa sensação de desorientação que me irrita, aquela luz sem cor, forte, que não gera sombras com significado, que dilui todas as cores numa única cor de pouca variação, mortiça e desértica.
Nunca ninguém me levou a isto, aliás, as memórias dos dias mais felizes que me lembro acontecem sempre em dias de Sol e sempre por volta dessa hora. E também nenhuma vez fui à praia em dias de chuva. Será esse imponderável, ou fora-da-razão, o factor Alma?
Mas... o que será a Alma? Quanto de nós é Alma, quanto de Nós é Emoção, quanto de nós é Razão? E que peso terá cada uma dessas partes nos nossos gostos, nos nossos "filtros"?
(sinceramente, e actualmente, após ter aprendido que a busca da razão das coisas não é um fim e pouco mais prazer traz, prefiro ir saboreando o que me aparece (nem que por isso vá apanhando uns 'amargos de boca') e levantar as perguntas quando a Vida a isso me leva, mas mais por piada que outra coisa, e esperar que a resposta, se assim for suposto, me chegue como as perguntas me chegaram)
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7 comentários:
"quanto de nós é Alma?"
Acho que tudo em nós é Alma! A Alma é a essência. "Nunca vi alma sem vida, nem vida sem coração!"
Beijitos :)
Li o teu texto e tentei ver no teu perfil os teus interesses, porque as tuas palavras transportam-me para um tema que me interessa particularmente que é a existência de vida para além da morte. Apesar de ser um tema muito complexo e controverso, eu gosto de acreditar que sim, que existe. Neste contexto, li sobre uma teoria que me ficou. Nós não somos um corpo com uma alma. Somos uma alma num corpo. A tua alma nunca morre. Assumiu nesta vida a tua forma física. Está para ganhar experiência até atingir um patamar de perfeição.E há-de voltar sempre até isso acontecer.
Desculpa se me alonguei muito em conversa chata, mas gosto de transmitir por palavras aquilo que me vai na "alma". ;)
Jinhos :)
OnlyMe, os meus interesses revelam-se ao ler o que fui escrevendo ao longo destes anos... Pronto, eu sei que são muitos meses mas quem correr por gosto...
Mas aquilo de que falas é, de facto, um dos meus interesses e é tema recorrente (subjacente) à grande maioria dos meus posts. Não posso explanar ou começar a discorrer sobre o que poderá ser a Alma (ou obre o que eu sei ser a Alma) porque não é esse o objectivo deste blog. Apenas quero mostrar como vejo a minha realidade e explanar o que aprendi ao longo destes anos (nos quais grande parte está neste blog representada), levando um pouco de reflexão às coisas do dia-a-dia que as pessoas. É esse "the ultimate purpose": reflectir e, através disso, entrarmos mais em contacto connosco e com a nossa Essência. Só assim saberemos quem somos e para onde vamos e seremos assim (também) mais felizes.
Não te alongas, afinal, é para trocar ideias que aqui estamos também! :)
Beijinhos!
:)
agora o que é a alma...
costumo dizer que quando falo deixo correr o que me vai na alma, o que penso, como estou, o que sinto...
quem me conhece, sabe que eu sou assim mesmo: digo só aquilo que sinto, aquilo que me vai na alma. quem me conhece bem sabe como estou através do meu olhar. (sometimes, when i look deep in your eyes i sware i can see your soul...)
daí eu dizer que o meu estado de alma me condiciona os dias, daí eu dizer que é a alma o crivo que filtra o olhar.
só tem a ver com as emoções, com o meu estado de espirito, com o meu interior.
e que peso tem...? em mim, um peso imenso! não concebo um ser sem emoção, ou um ser que não deixe passar para fora o que sente e mostre aquilo que realmente é. gosto da verdade e sempre verdade, sou o que sinto e só o que sinto, muito embora me custe, o que sinto e esta verdade, os tais amargos de boca.
estou a gostar. tks pela inspiração! ;)
o passeio na praia à chuva... é mesmo bom! seja qual for o estado da alma. também já chorei a sério debaixo de um sol torrido das 15h com um mar azul imenso mesmo aos meus pés...
a bola está do teu lado, agora...
Prometo que voltarei para correr com gosto... afinal gosto das tuas ideias ;)
Um bom domingo para ti!
(c), espera pelo retorno mais logo... deste-me uma óptima deixa. :)
A alma transparece no corpo, nas acções, no olhar...a alma está cá dentro deste invólucro! É a alma que interpreta, que ressente, é a teia básica para todo o resto...ligando-se ao corpo ou até ficando presa num corpo que não lhe responde.
E realmente da mesma forma que os ciclos circadianos, o ambiente influenciam as nossas funções físicas com certeza que irão influenciar as outras...ainda que mais ou menos modeladas pelo que somos, pelo que estamos a fazer ou viver! Tu desculpa, parece-me que me ando a perder um pouco, este tema dá pano para mangas :-)
Gostei do teu post...
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