29 de julho de 2007

... e eis quando dou por mim no cimo de um montículo a olhar para a mais batida das paisagens... é banal mas o aroma que está no ar faz-me pensar em alegrias de outros verões, muito, muito distantes... deve ser o calor que liberta tais odores... olho á minha volta e desejo estar em todo o lado e em lado nenhum... com a minha mente estou em mil lugares ao mesmo tempo, com as milhentas pessoas que não podem, não querem ou não se lembram de estar comigo nos tempos mais recentes... Deduzo que está na altura de estar sozinho... um dos meus cães toca-me nas pernas, como que a dizer "eu estou aqui". Admiro-me. Nunca ficou muito tempo ao meu lado quando o ia passear noutras vezes... estou a milhas de distância, estou com outras pessoas, pessoas que eu conheço mas que não se comportam como na realidade... é um mundo ideal, aquele que que concebo, um mundo gerado á minha idealidade, á minha medida, em que as pessoas se comportam como espero... um mundo em que as pessoas assumem o que sentem, agem de acordo com isso, tentam melhorar se os sentimentos nao são os melhores e, sobretudo, não mentem, não falham promessas, são flexiveis e compreensivas... Algo há mais que me perturba: o facto de, apesar de sair com alguns amigos, a vinda pra casa ser absolutamente um anti-climax... sinto-me tão vazio como antes... o vazio que me preenche (bela antítese) e nao me larga... vazio, solidão e angustia... se se pudesse resumir a vida em 3 palavras, seriam estas...

Estou de férias. Mas, como dizem os ingleses, "on hollidays" e não "on vacation"... a diferença é subtil: se são passadas em casa ou em viagem. Não posso ir "on vacation". A conjuntura de tudo e de todo não mo permite... há prisões que são más, como a da mente... as da alma são piores...

24 de julho de 2007

...de mal a pior...

I can't escape it
It leaves me frail and worn
Can no longer take it
Senses tattered and torn

Hopeless surrender
Obsession's got me beat
Losing the will to live
Admitting complete defeat

Fatal Descent
Spinning around
I've gone too far
To turn back round

Desperate attempt
Stop the progression
At any length
Lift this obsession

DT-2002

... my words exactly...

21 de julho de 2007

Dia de sol mas mais parece de indiferença... Estive rodeado de gente e é impressionante como tudo me passou ao lado... centenas de pessoas estavam no sitio onde fui passear e em nenhuma delas reconheci alguma familiariedade... podemos estar no meio de imensa gente e sentirmo-nos infinitamente invisiveis...
Parei num jardim e tentei viajar mentalmente... fundir-me com a terra envolvente e sentir-me uno com qualquer coisa... não consegui... algo me fugia, me escapava entre os dedos, sentindo-me com um campo de forças repelente de todas as pessoas à volta...

Cada vez menos eu confio nas pessoas... não pode haver dedicação se não houver palavra... e eu estou farto que as pessoas nao tenham palavra...

17 de julho de 2007

Que preço tem a dedicação?...
Hoje o mundo meteu-me nojo, um asco puro e absurdo na sua logica ininteligível... Para onde quer que olhava não senti o minimo de ligação ás pessoas, à terra, aos animais, ao trabalho, ás palavras, a tudo... Era um grandioso espectáculo de non-sense! Apetecia-me voltar ao meu estado molecular, básico, elementar... Cada palavra que me dirigiam era retornada pelo mais profundo desprezo, indignação, indiferença... Estava noutro planeta, com o corpo na Terra, a vaguear qual alma penada...

"...o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos..."

Esta é do Ensaio sobre a Cegueira.. nunca li o livro, aliás, nunca li (totalmente) nenhum livro do velho Nobel... Mas empatizo-me com a frieza logica com que ele escreve... o que se vê é o que é, o que se ouve é o que é.
O medo nos tornou e nos continuará a cegar, modulando as nossas atitudes, tornando-nos irracionais, só reaccionais... é isso que eu sou agora: um ser reaccional, reajo aos impulsos, faço e digo o que me apetece e deste mundo, do qual nao tenho afinidade, senão pelo Som, só quero que se dane... Não vale o esforço, não vale a dor, não vale o Nada que nos invade... e não me venham com o Amor... esse está cada vez mais escondido... e já agora, vale a pena lutar pelo quê?o que é valer a pena?o que é que vale?quanto é que vale? o Valor é um conceito muito bonito, mas de fraca aplicação... olho para as estátuas erigidas, para os quadros levantados e penso de que valeu isto? a esmagadora maioria das pessoas nao faz ideia do que se passou, de quem era esta pessoa que agora nao é senão uma figura de formas agradabilizadas... Puro desperdício de tempo, esse que também é uma ilusão mas ao qual nos agarramos como se fosse precioso... É NADA! é um nada, é sei lá o que... que se dane tudo!...até as palavras...