27 de agosto de 2007

Fui, recentemente, ver a exposição do World Press Photo '07. A ideia que eu tinha antes de ir para lá era completamente diferente da ideia com que fiquei depois de sair de lá... Mas não vou falar da qualidade técnica das fotos (não sou ninguém para isso), limitando-me apenas a dizer que, de facto, quem é pro é pro!...
Quis ir á exposição com o sentido de ver no material aqueles ínfimos de alma que se conseguem captar por quem a paixão tem pela fotografia, acreditando piamente que, com uma máquina, se podiam cumprir (aproximadamente) os medos dos primeiros tempos da arte: não se deixar fotografar com medo que a alma lhes fosse roubada... Mas eu não queria isso... só queria que a alma das coisas, das pessoas, dos acontecimentos, naqueles instantes, ficasse captada... queria ver se isso era, de facto, possível... O facto de serem tiradas por profissionais da informação levava-me, no entanto a pensar que o seu objectivo poderia ser tirar uma imagem simbólica e imediata, e não uma imagem profunda (que poderá incluir o simbolismo)... a velocidade do mundo da informação com certeza não tem contemplações pela profundidade da alma, pensei eu... No entanto, a esperança é a ultima a morrer e aí fui...
Entrei na exposição e logo à primeira foto percebi que tudo aquilo que eu esperava, e mais, ser-me-ia mostrado... A exposição abria com uma foto sobre os dias de conflito há uns tempos no Líbano... a foto parecia o "Guernica" do Picasso... diferentes estados de espírito estavam retratados na mesma, desde a impassividade e concentração, passando pela tristeza e choque, á resignação do "olha, já está, já está..."... Segui a exposição e outras realidades foram mostradas, desde fotos instantâneas que me pareceram autênticos quadros compostos até momentos capturados que pediam meças aos melhores tecnicos de Hollywood...
E as pessoas?... Sim, as pessoas... e a alma humana?... também a havia lá, muitas vezes dissimulada por um "n" de factores envolventes que, se lhes fosse dada muita atenção, rapidamente passariam de "moldura" a "tema central"... a força, a garra, a tristeza, a alegria, a ternura, o espanto, a ânsia, a apreensão, muitas muitas mais... sim, vi a alma humana nas fotos, independentemente da sua cultura ou raça, estava escrita em cada curva, cada variação de luz, em cada olhar, em cada gesto congelado no tempo por uma objectiva, as mesmas emoções em pessoas e situações separadas por milhares de quilometros... tiveram as fotos o mérito de mostrar a alma, o movimento, o passado, o presente e o futuro próximo, o fugaz e a eternidade... melhor seria retratar também aquilo que uma pessoa "é" mas para isso seria necessário não uma, antes um album inteiro de fotos como aquelas... e mesmo assim tenho quase a certeza que não chegariam...

19 de agosto de 2007

..."É giro não é?"...
"Bah, oauis, c'est trop cool! Il y a pas des choses comme ça en France!"...
"Então e as Ardenas?"
"Oh, c'est pas tout a fait comme ça... pas si grand... tout à fait pas si beau... en plus, aux Ardennes on peut sentir la fumée des voitures encore..."

...Vou no carro e sinto a luz... mas o mais estranho são as sensações que tudo isto traz... e pela primeira vez desde há muitos muitos anos, tenho essa sensação estupida da partida, de alguém que vai partir do mundo que me rodeia... uma sensação em tudo semelhante à que eu sentia quando os meus tios e a minha avó partiam para França no final do Verão e eu queria partir com eles para que aqueles dias fossem infindos... será que também quero isso desta vez?
Chamo a esta luz "a luz do adeus"... qualquer coisa que anuncia o fim de um ciclo, curto ou longo, mas um fim de um ciclo... é uma luz nostalgica, uma luz, no entanto, confortante, mas não como aquela luz do por do sol que nos diz "hoje acabou-se, mas amanhã isto continua"... conforta por que é quase uma chamada de atenção para reflectirmos sobre tudo o que vivemos nos ultimos tempos, quase que a dizer "Quem é bom para ti, quem é?"... mas é simplesmente a luz do acabou-se! Como pode isso ser? A luz está associada á presença, à existência, ao que chega e não ao que parte!... Mas sim, eu sinto que também serve esse propósito... Com a luz, tudo é possível... Tenho o meu coração que não me deixa mentir...

12 de agosto de 2007

De volta ao sonho... estive na realidade da terra dos meus pais e até um pouco mais longe... bem mais longe... por 4 dias fui serrenho!
As férias ainda nao acabaram e o sonho continua aqui em lisboa... tão fátuo e real como qualquer outro que tenhamos de olhos abertos ou fechados... sim, porque a diferença entre eles é pouca ou nenhuma: de olhos abertos podemos sonhar, a dormir podemos viver coisas com uma definição e sensações como se fosse de dia... daí que tudo é sonho e tudo é realidade... Em sonhos e nas realidades sinto as mesmas coisas, em sonhos e nas realidades sinto os mesmos medos, as mesmas espectativas, as mesmas ambições, os mesmos amores, os mesmos encontros e desencontros... Mas, serão os sonhos melhores que as realidades?