28 de março de 2006

"Strength and Honor"

Após uma longa semana estou de volta...E é bom...Não foi pelo falecimento do Sr. António Maria, nada disso, simplesmente não tive muito para escrever... queria buscar inspiração mas ela não vinha (aliás, sempre fui horrivel para puxar um tema). Prefiro muito mais que me dêem um e para depois desenvolver. Mas este fim de semana, no qual aproveitei para carregar baterias, por causa de um filme ("o Heroi") lembrei-me de fazer um post.
O filme já tem uns anos (não muitos acho eu). No entanto, os valores que contém são, ou deviam ser, em minha opinião, intemporais. Quanto a mim, aquilo que o tornou Heroi não foi a sua destreza com a espada ou a sua esperteza no seu esquema para chegar até ao Rei (futuro Imperador); o que o tornou Herói foi o seu sentido de Honra e Valor, a sua determinação e o seu sentido de Bem Maior (que no contexto do filme pode ser nomeado como sentido de estado). Foi Heroi porque colocou os interesses da futura Nação acima dos seus objectivos pessoais de vingança, foi Herói porque colocou a sua Honra até ao ultimo instante em tudo o que fazia, mostrando o seu Valor, enfrentando frontalmente o seu inimigo, levando a cabo o seu plano até ao fim impecavelmente, tendo tido a liberdade de escolher qual o futuro do seu objectivo. E o seu objectivo não era o Rei mas sim o povo. E foi ao defender esse seu povo que a sua Honra se revelou em todo o esplendor.
Não há muita gente assim hoje em dia. Não digo capaz de dar a vida pela nação mas que saiba defender valores mais altos em vez de deixar o Ego prevalecer. Para mim a Honra é um dos valores supremos do Ser Humano. E o mundo seria um lugar muito, muito melhor se todos reflectissem um pouco no Esquema Maior das coisas antes de fazer o que fossem fazer. Aí veriam que a Honra estaria a seu lado e muitas das asneiras que se vêem por aí não existiriam.

22 de março de 2006

Passagens...

No outro dia, quando cheguei ao emprego, deram-me a notícia que um dos colaboradores da fábrica tinha falecido durante o fim-de-semana. No momento não quis acreditar. O sr. António Maria, de 56 anos?... Não... não era possível...
Esta seria a altura em que faria o elogio da sua personalidade e do homem bom que era. Era um homem bom e isso diz tudo. Conhecia-o unicamente há 2 anos mas para mim era como se o conhecesse desde sempre. O dia-a-dia aqui na fábrica, quando ele estava no turno da manhã ou no da tarde, permitiu uma vivência e inumeras situações que me fazem recordá-lo com carinho e muita amizade, apesar de algumas discussões que são perfeitamente normais. E isso é que é engraçado: até agora foi a única pessoa com a qual discuti e me chateei aqui dentro... O politicamente correcto nessas raras alturas era deixado de parte e debatia-se tudo até á exaustão. Mas mais do que isso, eram todos os bons momentos, os momentos em que me contava histórias de vida, lições aprendidas, os seus poemas com humor (picante ou não) entre tantas coisas mais... Sinto muita falta do avô Cantigas ou Ti Bigodes (no qual ele tinha muito orgulho) ou Pavor (já que ele me chamava Virgulino, por piada ao nome e por carinho, e que eu, lembrando-me de um nome que eu vi, completava-o)... Para ele, eu era o puto... Ontem vi-o pela última vez... que a tua Vida perdure, que caminhes na e pela Luz e que tenhas tudo de Bom da próxima vez que cá voltares...

17 de março de 2006

Chuva...

Já ontem tinha vontade de escrever mas nao sabia o quê... Hoje o tempo que está a fazer dá-me uma oportunidade (mas nao só o tempo)...

O pseudo-Verão que aconteceu no início desta semana foi algo que nos renovou a energia e nos deu ânimo... estamos um pouco fartos de todo este tempo frio e desta chuva que muitas vezes cai quando nao deve, se bem que por outro lado temos consciencia que ela ainda faz muita falta (só isso nos faz aguentar tamanho cinzentismo)... eu quero os dias de Sol e de calor (não muito) de volta... estamos a precisar de animar!

Quem não está a precisar de animar é o pessoal de França. Depois do Maio de 1968, está a acontecer é a maior mobilização estudantil no país do sr. Chirac. E com toda a razão. Os senhores do poder querem dar a liberdade, a quem manda, de poder despedir sem justa causa e sem pré-aviso qualquer jovem até aos 26 anos sob sua alçada. O emprego, que era precário, tornou-se periclitante. Não pensem as pessoas que lá por isto se passar no país do queijo que não nos pode afectar. Nada disso. Sendo a França e a Alemanha os motores da União, o que acontece por lá, muito rapidamente acontece por toda a Europa (lembrem-se dos motins dos emigrantes em Paris). E tendo em conta que neste país há uma tendencia muito engraçada (ou não) de copiar tudo aquilo que ajude a limpar os números que temos de entregar á União, então, estes acontecimentos são bastante preocupantes. Houve direitos conquistados na Revolução dos Cravos, direitos esses que têm vindo a ser "actualizados" em nome de um deus (aos olhos de quem manda) maior, tornando-os cada vez menores... Por mim, esta situação nem m devia preocupar visto que, não tarda, estou fora da idade de perigo. Mas preocupa-me ver gerações vindouras com os empregos ainda mais precários, sem condições nem segurança para investir em algo concreto e útil para a sua Vida, não criando assim as condições para que possam cumprir a sua missão aqui na Terra. Se com estas medidas se pretende que a produtividade aumente, é preciso não esquecer que sob um clima de medo e repressão os resultados não aumentam mas sim diminuem consideravelmente. Vejam exemplos como o da empresa Google, em que os empregados passam mais tempo no trabalho do que em casa... a razão é simples: as condições que eles têm no trabalho são tão boas ou melhores que em casa, sendo que esta só lhes serve pra ir dormir (já que na empresa eles não têm camas). Uma empresa que investe no conforto e segurança dos seus empregados, mais facilmente ganha a sua confiança e, tomando os empregados a empresa como algo seu, o seu empenho e optimo desempenho. O princípio da Selecção Natural (se pensarmos num princípio de melhor pessoa para o lugar) é aplicável mas não quando todas as condições são adversas...

Não é meu interesse tornar este espaço num lugar político. Mas é meu interesse discutir tudo o que seja humano e humanista. E, a meu ver, esta intenção política está embuída de uma profunda desumanidade... Mas tenho a ressalvar que os responsáveis politicos deram ordens para que a Policia não retalie qualquer acção dos manifestantes, o que é de louvar... mas só isso...

14 de março de 2006

Lavando a cara...

Ainda na onda da transição, decidi dar novo rosto aqui a este humilde site... Para mim, este sitio começa a ser (mais) um ponto de reencontro comigo mesmo, em que aproveito para reflectir muitas vezes de maneira diferente sobre o que me tem acontecido, um sitio onde me sinto confortável e à vontade para me extravasar... E pensei, já que me estou a renovar, porque não renovar outras coisas... O outro "cenário" era simples, calmo e tranquilo, um bom ponto de partida para uma viagem que se queria serena e enriquecedora... Já passou quase um ano e meio e como não há tempo de mudar senão o presente, aqui está (de entre os modelos disponíveis) o "cenário" com que mais me identifico nesta nova fase... espero que gostem e que vos inspire tanta Paz como me inspirou a mim...

13 de março de 2006

Transições...

Queria pôr em palavras o que senti este fim-de-semana... não consigo... é demasiado intenso e no entanto tão etéreo para que possa descrever... entrei numa nova fase da minha Vida...
Ontem esteve de facto um dia esplêndido mas não fui passear ao ar livre. Fui ver um filme, o Frágeis, que já há muito tempo tinha na minha lista para ver (desde que o vi numa apresentaçao num canal da TV Cabo)... Enredo simples, vê-se muito bem, espera-se e desespera-se pelos desenvolvimentos e tem participações muito simples... Não o aconselharia a pessoas que quisessem um filme para descontrair mas também não o faria a pessoas que procurassem emoções fortes... é um bom meio-termo...
Só queria dizer também que adoro o Universo e tudo o que nele existe porque tudo é tão, tão perfeito que me comove até á mais ínfima centelha... A Vida é Eterna e Perfeitamente Bela...

8 de março de 2006

What's your most treasured possession?...

Num mundo (pelo menos ocidental) em que o nosso estatuto social (ainda) depende, em grande parte, do que possuímos, esta pergunta é tão poucas vezes colocada... e o mais interessante é que quem a põe menos vezes somos nós mesmos.
Não vou tentar responder objectivamente á pergunta... é uma pergunta muito dificil e que abrange tantas coisas que penso que ao nomear uma coisa estaria a ser tremendamente injusto e imparcial... Os valores que uma pessoa tem são a chave do seu Ser. E é em função deles que se dá o valor ás coisas. Mas a pergunta também pode ser analisada do ponto vista de comunidade, pelo senso comum, pela opinião generalizada, enfim, por milhares de pontos de vista... é muito difícil... De facto, a palavra que descalibra tudo é mesmo "possession"... Podemos possuir algo que não se pode tocar? Podemos possuir algo que tem vontade própria?
Analisemos á 1ª parte da pergunta: "...your most treasured...". O que é que consideramos como um tesouro? Para mim a Existência é um tesouro. A Vida é um tesouro (tantas vezes desprezado). As Pessoas são um tesouro. Porque tudo isso fascina, conforta, alegra, faz sentir vivos, algo muito raro, terrivel e maravilhosamente precioso. As razões pelas quais algo é um tesouro acho que são do senso comum, daí, creio que não vale a pena tentar determinar o seu sentido. E eis que vem a segunda parte: "...possession?". Quantas destas coisas se podem possuir? Porque a questão é que "possessão" implica ter em nossa posse algo exterior a nós, algo que não seja parte integrante do nosso Ser. E todas estas coisas, ou somos nós, ou são outros, que não podemos possuir... E isto leva-nos a uma possivel conclusão angustiante: nós chegamos a esta vida com nada e sem nada partimos e, mais importante, sem nada vivemos porque nada é nosso de facto.
Chegámos, entao, a uma bifurcação: angústia ou verdade? Qual dos caminhos decidimos seguir? Depende pelo que é que decidimos viver: pela Vida ou pelas Coisas. Viver a Vida pela Vida não é a mesma coisa que viver por viver. É viver pela Vida, querer beber a Vida, o que Ela é, em tragos plenos de energia e plenitude, é mergulhar e nadar profundamente n'Ela e n'Ela sentir tudo o que Ela é, sem medo se levamos alguma coisa para nos lembrarmos ou se fizemos aquilo que nos competia fazer: Ser...
A pergunta feita não tem resposta, ou antes, tem. Mas saberão as pessoas que Ser não é uma condição mas uma Dádiva de Amor?...

2 de março de 2006

Prosas...

Era só para dizer que tenho uns livros novos muito giros (céus, isto parece tão materialista...)... atingiu-se, assim, neste blog um novo máximo na escala de futilidade... Mas não, queria agradecer-te, Nocas, pelas sugestões que me fizeste (todas elas de qualidade e na sua grande parte desconhecidas para mim)... Há portugueses a escrever ficção mítica? Há e da boa! Ou pelo menos assim o espero... Só não comprei o volume que me indicaste (Os Filhos do Flagelo)... como vi que esse é o 2º vol da trilogia, e eu gosto de começar pelo início, comprei a Manopla de Karasthan... se ficar insatisfeito, devolves-me o dinheiro? :)

1 de março de 2006

Entre tricanas e choupais...

Eu acho estes dias feriados a meio da semana um luxo!... Não fiz "ponte" na 2ª feira, vim trabalhar e ontem fui dar um passeiozito com a minha Cara Metade... Depois de intensas negociações acordámos ir para Coimbra... A viagem foi boa, rapida, passando pela terra do meu pai (que saudades...) e num instante chegámos á capital da borga estudantil em Portugal... e cheguei a uma conclusão: se Coimbra é afamada por todas as aventuras e histórias que acontecem, e que são principalmente á noite, isso tem uma razão de ser - é que Coimbra é feia. Eu tentei, garanto que tentei ver alguma beleza naquilo mas nao consegui. Não há nem houve noção de urbanismo ao longo dos tempos, a orologia da cidade nao ajuda (é pior que Lisboa para altos e baixos) e é francamente suja. O novo habita junto do velho, edifícios seculares junto de "prédios" do sec. XX num choque de estilos que feria mesmo o olhar do mais incauto turista, á espera de ver uma cidade ao nível do estatuto que tem - a cidade dos Doutores. Quanto á sujidade basta este "detalhezinho": estava a tomar um lanche num dos cafés (literalmente dentro do café) situados num largo que se poderia chamar equivalente ao Chiado de Lisboa quando olho para o chão e vejo em ameno e pacífico rulhar uns 4 ou 5 pombos a bicar as migalhas resultantes dos repastos... Numa época em que todos deitamos gripe das aves pelas orelhas, acho que guardar os pombos dentro dos cafés é capaz de não ser a melhor medida profilática para evitar o contágio de uma possível estirpe mutada... E eu nem sabia se havia de me rir se me havia de passar...
Mas pronto, o dia estava bonito e como ainda não havia gansos mortos em território nacional (yet) não me chateei (muito) e continuamos passeio por entre as serranias em direcçao á Lousã... vale mesmo só pela viagem (lindíssima) porque quem disser que a "Lousã convida", só se for para se aborrecer visto que não há mesmo nada que ver a não ser casas um pouco mais antigas que as restantes na cidade...
E assim, com aquelas paisagens, e aqueles pombos na memória, voltámos para o Cartaxo e eu, já de madrugada, noite a correr, serena, voltei para Lisboa, com as 7 colinas a brilhar...