23 de fevereiro de 2006

"De Fides"

Ontem á noite, decorrente de uma conversa que estava a ter, assomou á superficie o tema da confiança que temos em alguém... E dei-me conta de algumas coisas que estão presentes e outras meio escondidas nas sombras... Acho interessante fazer esta reflexão para nós mesmos: até que ponto confiamos em alguém? E, levando isto ainda mais além, assumindo uma postura externa a nós mesmos, até que ponto confiamos na nossa pessoa?...
Eu acredito que a confiança tem vários níveis e são esses níveis que garantimos às pessoas que nos rodeiam... quanto mais estima temos por uma pessoa, mais confiança nela temos... depois há aquelas que atingem o raríssimo estatuto de "ponho as mãos no fogo por..."... Acho isso louvável, até porque as queimaduras doem e para nso arriscarmos a nos queimarmos nao é preciso muito... O Fogo espreita a cada canto.... E isso leva-nos á questão dos imponderáveis, daquelas situações em que (e daí a 2ª pergunta) nem nós mesmos saberíamos como reagir. E se não sabemos como vamos reagir, como é que podemos confiar em nós mesmos? Daí que me lembrei de fazer uma analogia interessante com o mundo físico: a questão da confiança absoluta é como a questão da temperatura absoluta - sabemos que existe o 0 (zero) absoluto (0 K; -273.15 ºC) mas este valor foi extrapolado matematicamente, ou seja, é teórico. E assim, também é para mim a confiança absoluta - é utópica, linda em teoria mas só isso mesmo: teoria.
A pessoa humana é um ser com infinitas programações e strings de comandos, sendo o ego um deles. E a questão do ego torna tudo mais difícil e imprevisível. E é esse critério da imprevisibilidade que em conjunção com os imponderáveis que torna a confiança absoluta numa teoria, uma utopia linda... e que tal como no 0 (zero) absoluto, em termos experimentais, podemo-nos aproximar ás décimas de grau, mas serão uns degraus em que ficaremos sempre por aí...

1 comentário:

Nocas disse...

Achei este tema de reflexão bastante interessante e realmente foi algo que me pôs a pensar…
Concordo contigo quando dizes que a confiança tem vários níveis… é como uma escada em que vamos subindo degrau a degrau à medida que nos afeiçoamos a outra pessoa.
Em relação ao conceito de confiança absoluta… hmmm… tenho algumas dúvidas de que isso possa realmente existir…