IMPE é a sigla de Instituto Militar dos Pupilos do Exército. E essa é a minha casa-mãe. E hoje, dia 25 de Maio, a casa-mãe de milhares de pilões (nome pelo qual nos identificamos internamente e, hoje em dia, mais exteriormente), o Pilão (que é outro nome para IMPE) faz 95 anos.
Na ressaca da implantação da República, o então ministro da Guerra, General António Xavier Correia Barreto, decidiu criar a Obra Tutelar do Exército de Terra e Mar, compostos por três estabelecimentos militares de ensino, dois deles já existentes e mais um criado pelo mesmo decreto-lei de 25/5/1911, nesta ordem: o Colégio Militar (antigo Real Colégio Militar e nossos eternos rivais), o Instituto da Torre e Espada (antigo Instituto D. Afonso e actual Instituto de Odivelas - sempre para meninas) e o Instituto dos Pupilos do Exército de Terra e Mar. A função (pelo menos) deste último, desde sempre e descrita no decreto-lei: "formar cidadãos uteis á pátria". O primeiro objectivo da sua existência era abrigar os filhos, e sobretudo orfãos, de militares, providenciando ao mesmo tempo a formação técnica necessária. Ao mesmo tempo, orientavam-se essas mesmas crianças para que no futuro pudessem incorporar os quadros das Forças Armadas no futuro. No caso do Pilão, as crianças que entravam na instituição eram sobretudo filhos de sargentos e praças, pelo que os filhos de oficiais iam sobretudo para o Colegio Militar (daí a sua maior fama). Com o passar dos tempos essa diferença de classes foi-se esbatendo embora essa orientação de classes tenha deixado as suas marcas (boas e más) no modus operandi de cada instituição: o Colégio Militar ainda hoje tem os anos catalogados pelo sistema antigo (5º ano-> 1º ano... 12º ano -> 8º ano) apesar da optima qualidade de instalações e, não duvido, de ensino. Mas são, sem dúvida mais rigidos e arcaicos, em relação á filosofia do Pilão. Se há instituição que conheço em que a mítica virtude tuga do desenrasca está bem vincada é mesmo no IMPE. E foi, talvez, graças a essa filosofia de formação técnica rigorosa e criativa que o Pilão sempre esteve na vanguarda do ensino, tendo, ao contrário do Colégio, sido agraciada com a criação dos Cursos Superiores Politécnicos, hoje Bacharelatos (Engenharia Mecânica; Eng. Electrónica e Telecomunicações; Eng. de Sistemas de Potência; Contabilidade e Administração). A formação superior era uma necessidade e foi concretizada, abrindo assim uma via para um caminho não-militar mas cumprindo sempre o ideal do General António Correia Barreto de "formar cidadãos uteis á patria". E não é raro encontrar Pilões nos mais altos cargos quer de empresas , quer do Estado. Ainda assim, nos últimos anos, o sonho da Licenciatura 100% pilónica é algo ainda muito forte, apesar dos diversos protocolos de entrada directa para conclusão bi-etápica de licenciatura assinado com diversas instituições do Instituto Politécnico de Lisboa.
O Pilão foi a minha casa de 1990 a 1998, não tendo tirado lá a minha licenciatura (que tirei na Faculdade de Ciências de Lisboa). Foram 8 anos com coisas boas e coisas menos boas, como em todo o lado, mas das quais, felizmente, ficaram muito mais boas memórias. A essa casa devo a minha educação e, raro nestes dias, grande parte da minha formação moral e ética. Quantas escolas cumprem esse desígnio? Educação não é só Instrução e num mundo em que muitos apregoam a gritante falta de valores, o tirar a vida por "dá cá aquela palha", instituições como esta têm e fazem todo o sentido de existirem. Há uns anos atrás (estava eu quase a acabar o curso) não era isso que entendia o Governo, chegando mesmo a ser noticiado que o IMPE iria fechar... e durante 2 ou 3 anos não houve mesmo admissões ao 5º ano. "Porquê", pensaram eles, "ter duas instituições que devem ser a mesma coisa e até estão relativamente perto, geograficamente?" Estavam tão longe da realidade (porque NÃO são nem nunca foram, definitivamente, a mesma coisa)... Mas alertando quem de direito, essa decisão foi revogada e há 2 anos que voltou a haver novos Pilões a correr pelo Instituto.
Encontrei nessa altura má um professor meu do Secundário (que até era também director de curso do Secundário) quando andava ás compras e perguntei-lhe como é que as coisas iam. Tanto ele como a sua mulher deixaram transparecer a sua tristeza, ao dizerem que era uma desolação ver a parada da 1ª secção (onde se leccionam o 2º e 3ºs Ciclos) á hora do lanche quase vazia. Se a mim me doeu eu imagino a eles: afinal, muito antes de eu ter lá entrado já eles aí ensinavam.
O Pilão a isto sobreviveu e a tudo sobreviverá, disso tenho a certeza. É uma casa apaixonante, rica em tradições, edificante em carácter, democrática em essência, fraterna de coração, única no Mundo... uma "casa tão bela e tão ridente, que tem por lema seu: Querer é Poder! Querer é Poder!"
Na ressaca da implantação da República, o então ministro da Guerra, General António Xavier Correia Barreto, decidiu criar a Obra Tutelar do Exército de Terra e Mar, compostos por três estabelecimentos militares de ensino, dois deles já existentes e mais um criado pelo mesmo decreto-lei de 25/5/1911, nesta ordem: o Colégio Militar (antigo Real Colégio Militar e nossos eternos rivais), o Instituto da Torre e Espada (antigo Instituto D. Afonso e actual Instituto de Odivelas - sempre para meninas) e o Instituto dos Pupilos do Exército de Terra e Mar. A função (pelo menos) deste último, desde sempre e descrita no decreto-lei: "formar cidadãos uteis á pátria". O primeiro objectivo da sua existência era abrigar os filhos, e sobretudo orfãos, de militares, providenciando ao mesmo tempo a formação técnica necessária. Ao mesmo tempo, orientavam-se essas mesmas crianças para que no futuro pudessem incorporar os quadros das Forças Armadas no futuro. No caso do Pilão, as crianças que entravam na instituição eram sobretudo filhos de sargentos e praças, pelo que os filhos de oficiais iam sobretudo para o Colegio Militar (daí a sua maior fama). Com o passar dos tempos essa diferença de classes foi-se esbatendo embora essa orientação de classes tenha deixado as suas marcas (boas e más) no modus operandi de cada instituição: o Colégio Militar ainda hoje tem os anos catalogados pelo sistema antigo (5º ano-> 1º ano... 12º ano -> 8º ano) apesar da optima qualidade de instalações e, não duvido, de ensino. Mas são, sem dúvida mais rigidos e arcaicos, em relação á filosofia do Pilão. Se há instituição que conheço em que a mítica virtude tuga do desenrasca está bem vincada é mesmo no IMPE. E foi, talvez, graças a essa filosofia de formação técnica rigorosa e criativa que o Pilão sempre esteve na vanguarda do ensino, tendo, ao contrário do Colégio, sido agraciada com a criação dos Cursos Superiores Politécnicos, hoje Bacharelatos (Engenharia Mecânica; Eng. Electrónica e Telecomunicações; Eng. de Sistemas de Potência; Contabilidade e Administração). A formação superior era uma necessidade e foi concretizada, abrindo assim uma via para um caminho não-militar mas cumprindo sempre o ideal do General António Correia Barreto de "formar cidadãos uteis á patria". E não é raro encontrar Pilões nos mais altos cargos quer de empresas , quer do Estado. Ainda assim, nos últimos anos, o sonho da Licenciatura 100% pilónica é algo ainda muito forte, apesar dos diversos protocolos de entrada directa para conclusão bi-etápica de licenciatura assinado com diversas instituições do Instituto Politécnico de Lisboa.
O Pilão foi a minha casa de 1990 a 1998, não tendo tirado lá a minha licenciatura (que tirei na Faculdade de Ciências de Lisboa). Foram 8 anos com coisas boas e coisas menos boas, como em todo o lado, mas das quais, felizmente, ficaram muito mais boas memórias. A essa casa devo a minha educação e, raro nestes dias, grande parte da minha formação moral e ética. Quantas escolas cumprem esse desígnio? Educação não é só Instrução e num mundo em que muitos apregoam a gritante falta de valores, o tirar a vida por "dá cá aquela palha", instituições como esta têm e fazem todo o sentido de existirem. Há uns anos atrás (estava eu quase a acabar o curso) não era isso que entendia o Governo, chegando mesmo a ser noticiado que o IMPE iria fechar... e durante 2 ou 3 anos não houve mesmo admissões ao 5º ano. "Porquê", pensaram eles, "ter duas instituições que devem ser a mesma coisa e até estão relativamente perto, geograficamente?" Estavam tão longe da realidade (porque NÃO são nem nunca foram, definitivamente, a mesma coisa)... Mas alertando quem de direito, essa decisão foi revogada e há 2 anos que voltou a haver novos Pilões a correr pelo Instituto.
Encontrei nessa altura má um professor meu do Secundário (que até era também director de curso do Secundário) quando andava ás compras e perguntei-lhe como é que as coisas iam. Tanto ele como a sua mulher deixaram transparecer a sua tristeza, ao dizerem que era uma desolação ver a parada da 1ª secção (onde se leccionam o 2º e 3ºs Ciclos) á hora do lanche quase vazia. Se a mim me doeu eu imagino a eles: afinal, muito antes de eu ter lá entrado já eles aí ensinavam.
O Pilão a isto sobreviveu e a tudo sobreviverá, disso tenho a certeza. É uma casa apaixonante, rica em tradições, edificante em carácter, democrática em essência, fraterna de coração, única no Mundo... uma "casa tão bela e tão ridente, que tem por lema seu: Querer é Poder! Querer é Poder!"
1 comentário:
Bem! Que grande post este!
Mas é muito interessante... desconhecia por completo a história do IMPE e mesmo a dos restantes estabelecimentos militares de ensino... um pouco de cultura nunca fez mal a ninguém e perceber como é que apareceram é sempre enriquecedor.
No que me toca, começo a constatar (através de conversas com várias pessoas) que o meu ensino Básico e Secundário foi diferente e pelos vistos tenho sorte em ter continuado a seguir o bom caminho... mas isso fica, quem sabe, para um futuro post.
Parabéns à tua casa-mãe... 95 aninhos não é para todos!
Beijocas
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