2 de outubro de 2007

Na minha ronda diária pelos blogs deste país, fui surfando e saltitando de blog em blog e tenho visto coisas do arco-da-velha... ha pessoas para tudo, para saber de tudo, para fazer de tudo e para escrever de tudo... essa é a grande virtude do mundo cibernético: poder falar tudo aquilo que se quer, como se quer e quando se quiser... Tenho visto blogs extremamente simples, outros com uma prosa que, na melhor tradição de Saramago, será preciso cursar Letras (ou Português A Plus +) para se compreender o sentido e o porquê de tal escrita... o que é que certas pessoas querem dizer quando escrevem o que escrevem... querem exteriorizar o que escrevem ou querem dar ares de superioridade, que sabem ser tão complexos que nem vale a pena ler duas vezes e reflectir. Eu chamo a isto "fazerem das pessoas parvas". De que vale escrever-se o que quer que seja se os outros nao vão compreender? E já nem falo das fotos ou videos que publicam...
Mas é possivel ser também profundamente claro e, mesmo assim, não nos entenderem... muito me questionei eu sobre esse facto, o porquê de tamanha cegueira na interpretação do que se escreve... cheguei á conclusão que não é propositada, que depende meramente da maneira de ser de cada um, da maneira que cada um escolheu para entender o que o rodeia... Mas isso tem sido algo que me tem angustiado há já muito tempo: a comunicação entre iguais (que, supostamente, o somos). Podemos ser o mais claros possíveis a falar directamente com outra pessoa mas, por virtude da nossa "cegueira" (isto está muito saramaguesco, e eu que nem cheguei a acabar o Evangelho do JC, isto ha alguns muito bons anos...), podemos estar a intuir exactamente o contrário. Por isso, deixo a questão no ar, porquê falar-se, porquê tentar comunicar se, mesmo quando explicamos as coisas tipo B-A-BA, o outro lado NUNCA irá compreender mas, simples e só, vislumbrar o conteudo, imediatamente remetendo-o e moldando-o á sua realidade... No momento máximo de simpatia, diz-se: "estou a perceber", mas é a maior das mentiras, só se percebem as palavras e raramente, ou nunca, o conteúdo... epo menos como nós o sentimos ou intuímos... É algo angustiante, pensar que podemos passar a nossa vida por este mundo sem que ninguem nos entenda... é o mais provável, até.

Lembrei-me agora, isto foi muito á Kant, não foi? Quem sabe (e nao estou a querer julgar-me tanto como esse génio, nem pouco mais ou menos!) se não foi esse mesmo problema que o levou a escrever essa loucura que é a Critica da Razão Pura...

2 comentários:

Jay Dee disse...

Bem visto.

Unknown disse...

Depende um bocado de qual é o teu objectivo na vida... Por estranho que possa parecer, por vezes até encontras realmente pessoas que ouvem e mesmo que interpretem à maneira delas, quem sabe se essas não serão as palavras que elas precisam de ouvir? Julgo que não podemos enfiar toda a gente no mesmo saco... Não nego que muitas são surdas... Ou que tu digas azul e elas se sintam ofendidas porque acham que tu lhes chamaste filhos da ####, mas no ponto de vista, acho que isso não faz com que nós estejemos sós a tentar gritar aos outros no que acreditamos. Tudo é relativo! E quem sabe se no final, o correcto não é estar cego? Vivemos num mundo onde toda a gente quer mostrar ser gente ao mostrar que é diferente... Acho isso ridiculo! Acabas por ser diferente se quiseres viver normalmente!