13 de setembro de 2008

Nuvens. Ontem vi algumas. Mas não eram nuvens normais. Achei estranho o carácter tão ténue e negro daquelas nuvens (se é que lhes posso chamar isso). Eram umas nuvens muito ligeiras, muito finas, não muito altas (tanto que pensei estar embrenhado nas mesmas) mas muito escuras. Nada mais havia no céu sem ser essas nuvens... e um pôr do sol magnífico. Era isso que me "perturbava", o carácter único dessas nuvens, no meio de um cenário tão positivo. E, além disso, notava-se claramente que elas estavam a ser sopradas desta zona para fora...
Olhei e sorri. "Que bela analogia!". As nuvens que se tinham aglomerado sobre a minha cabeça lentamente tinham começado a ser sopradas para bem longe, onde se podiam ver o quão ridículas eram, comparadas com tudo o resto que se passava à minha volta. No entanto tinham sido o suficiente para estragar a paisagem.

Tudo na Vida é uma escolha. É muitas vezes difícil de analisar imparcialmente, em absoluto (haverá absolutos na vida?) a dimensão, a gravidade de algo, a sua importância, o seu peso. Sabemos na pele o quanto nos afecta (quando nos afecta), o quanto dói e isso muda dramaticamente a nossa perspectiva sobre as coisas. Mas há que transcender as coisas, aquilo que nos acontece e eu sei o quanto isso é tão difícil, assim que começamos a centrarmo-nos em nós mesmos. É preciso olhar, abrir os olhos, se não formos capazes por nós, que procuremos alguém ou algo que nos ajude a fazê-lo. O poder está dentro de nós, é só querer mesmo alcança-lo, com propósito puro, com todo o coração e ver o que, querendo, aparece sempre. A Luz, como todos (consciente e inconscientemente) sabem, conquista sempre a escuridão, sendo que o contrário nunca se verifica.

Uma curva, outra curva, agora uma recta... acelerou. A paisagem deslizava suavemente a seus pés, os cenários sucediam-se a uma velocidade confortável. Estava com pressa, é verdade, mas sabia que aquele momento era irrepetível, que aquela manhã não voltaria a acontecer e, depois, tudo era novidade, tudo era fresco como o riso de uma criança. Apreciou pois. Memórias distantes assomaram à sua cabeça e ele riu-se. As nuvens, para ele, já estavam longe. Visíveis (ainda) mas longe. O seu coração era de novo isso mesmo: seu! Sentia-o no mais profundo do seu ser, sentia que a sua Vida (mais do que nunca) era isso mesmo: sua! Sabia também que a Vida iria ter as suas quezílias, chatices, lágrimas; era um facto assumido. Não agora. Ao rolar por aquelas estradas simples, rodeado de tão agradável paisagem, sentia que a sua Vida era como o cenário em que se deslocava; nublada ou solarenga, ela Era assim, em toda a sua plenitude e todas os seus matizes. Agora, era altura de aproveitar o Sol.

1 comentário:

e-ko disse...

gosto muito do que está escrito e da carado blog.