8 de dezembro de 2007

Paro e olho pela janela. É fim de tarde... O contraste da luz de dentro e de fora faz-me lembrar certas pessoas... Mas ainda não vou por aí. Prefiro limitar-me (e é o que é neste momento) à luz que vejo desaparecer lá fora e a que está cá dentro, no quarto... Tento tirar uma foto para mais tarde poder recordar de como aconchegante, como "memoriosa" é este conjunto de cores que eu vejo. Infelizmente não tenho o melhor aparelho para isso e a foto fica-se pelas intenções...
Não queria ficar em casa hoje. Não sei porquê. Apetecia-me sair, estar com pessoas, falar de tudo e de nada, mas por aqui fiquei... De repente, num destes momentos em que tudo pára e nos pomos a olhar sem razão para um local, reparei no que disse acima e imediatamente a minha memória viajou... Bom da coisa, viajou para locais onde me senti tão bem, e melhor ainda, viajou para diversas ocasiões... Foi a altura da serenidade, a altura do recolhimento, uma luz que se vai e outra que chega, ou que parece que chega porque a que se vai era mais forte e a outra já la estava... sempre esteve... Nunca passaram por isso com pessoas? Eu já, e sem dúvida que aquilo que senti se dividiu entre a alegria do tesouro (re)encontrado/reconhecido e o sentimento de estupidez de termos demorado tanto tempo a reconhecer algo que sempre esteve lá. E não, a não estou a falar de ninguém em particular nem de algo que esteja a passar... simplesmente lembrei-me! Mas comecei há pouco a falar da diferença de luz nas pessoas. Tenho sentido (mais ultimamente que outra coisa) isso nas pessoas... Estando com elas sinto o que elas podem ser, conhecendo como conheço as suas atitudes, o seu modo de pensar, aquilo em que acreditam e, não raramente, sinto um grande potencial naquilo que são. É claro que, no fundo, é apenas uma imagem do que elas realmente são visto que, pela nossa condição, nunca saberemos como serão. Mas também, que interessa saber? Só se for por medo! Queremos saber com o que contamos, para quê? Para nos defendermos (por medo), por interesse? Eu costumo dizer que gosto de conhecer as pessoas mas também admito que não é somente pelo prazer que tenho em conhecê-las; ocasiões há, e sobretudo se tiver que conviver diariamente com elas, é para defesa ("gathering some intel")... Mas novamente o medo, aquele que se disfarça ardilosamente de coisas tão comuns que, se formos a dar por isso, já estão impregnadas no nosso quotidiano... e tão depressa ele se entranha que nem damos conta do quanto ele consegue manobrar as nossas atitudes... Há pouco tempo falei de uma vertente, nas relações amorosas, mas aplica-se a tantas tantas coisas... E, obviamente, levando o raciocínio até ao fim, é o Medo que leva a que a diferença entre aquilo que somos e aquilo que podemos ser se acentue... O mais engraçado é que, se agora se confrontarem com o "porque é que" fazem, e se o Medo estiver na base do que fazem, ele próprio vai criar barreiras de defesa. Como? Óbvio: gerando mais medo! É a única coisa que sabe fazer! :D Não cedam... confrontem o que sentem, o que fazem, os velhos hábitos bolorentos sem sentido e pensem se vale mesmo a pena gastar a vossa energia com isso quando podiam gastá-la em algo muito melhor: em como serem mais felizes e mais vocês próprios...

Olho agora pela janela e já é noite... o sentimento agora é outro: descanso, introspecção para o que se fez, preparar o amanhã... quem disse que, quando a luz está longe, não acontecem coisas importantes?...

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