4 de fevereiro de 2008
Alguém me disse há pouco que, comparando a minha escrita de ultimamente com a de antigamente (quanto antigamente não o sei, mas deduzi que é um antigamente antiguinho), que perdi um bocado da alegria ao escrever... citando (e nao fiques zangada por isso) "parece que quando escrevias na altura não havia uma sombra qualquer sobre ti que há agora...". É normal. A Vida é um processo complexo e, quando uma pessoa é processada, é normal que vá perdendo um pouco da inocência pelo caminho. É assim que eu interpreto ou justifico as palavras desta minha amiga. Acabei por lhe explicar mais propriamente quais as partes do processo responsável por esta perda de inocência, longos e complexos demais para que os explique aqui. A meu ver, creio serem uma mistura de sonhos perdidos, realidades adquiridas e uma estranha sensação de "daqui para onde vou eu?", substancialmente diferente de estar perdido; é uma sensação de estar a fazer o próprio caminho, a própria estrada e percorrê-la. E esta é uma sensação terrível, no sentido de "adamastora", saber que está tudo nas nossas mãos. Muitos sentir-se-iam felizes com esta "dádiva", o poder de fazer o caminho e de o trilhar, mas questão essencial (e não andei a ver Homem-Aranha a mais) é que com maior poder vem maior responsabilidade. E é essa responsabilidade que assusta. Pessoas há que sabem o que eu quero dizer com isto, elas próprias parte desta responsabilidade. Por isso, não me venham com a história de "tens é medo de fazer qualquer coisa com a tua vida" porque se há coisa que não tenho é isso, levantando-me todos os dias para tentar mandar o show para a frente, como grande parte das pessoas. Se podia fazer mais? Se calhar podia, podia meter-me no primeiro avião para África e ir lá ajudar quem precisa (e são tantos...), podia meter-me noutro avião e ir para um país com um nível de vida melhor que este mas nenhum destes é o meu caminho. Não são a minha "cena". Também ainda estou a tentar perceber mais propriamente qual é a minha "cena" mas vou começando a vislumbrar. O que não é o mesmo que vislumbrar o caminho.
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