"A sorte, para chegar até mim, tem de passar pelas condições que o meu carácter lhe impõe."
Não sei de quem é esta frase mas sei quem ma mandou (e desde já lhe mando um grande abraço). São frases providenciais que nos aparecem no caminho, nem que seja para me pôr um sorriso na cara (como pôs).
Em primeiro lugar, e depois de algum pensar, subscrevo esta frase. A parte mais estranha aqui é coadunar o conceito de "sorte" com "o meu carácter lhe impõe". A primeira questão é: o que é a sorte? Haverá mesmo sorte? Depende. Se acreditarmos em coincidências, sim, creio que se pode admitir a existência da sorte, já que o conceito de sorte depende do conceito de acaso (que irá dar, obrigatoriamente, à noção de coincidência). Sigamos por este caminho. Para sabermos que algo que nos acontece é uma sorte, tem este acontecimento de ser por nós processado como um acontecimento benéfico, o que depende do nosso carácter e daí a frase fazer todo o sentido.
Outra análise. Independentemente do processo que acabei de referir, suponhamos que existem as condições que criamos para que a sorte aconteça. Daí o célebre dito popular "A sorte somos nós que a fazemos" ou o seu inverso "Quem semeia ventos, colhe tempestades". Novamente, estas condições dependem do nosso carácter, de como nós sentimos as coisas e queremos que elas aconteçam. Se as coisas acontecerem como nós queremos, é uma sorte, claro! Mas aqui perde-se o sentido de acaso que o conceito de sorte implica.
Eu não acredito na sorte. Simplesmente porque não acredito no acaso. No entanto, fico surpreendido com as coisas boas que simplesmente me aparecem no meu caminho e celebro-as. Por vezes não sei reconhecer assim tão bem que são boas, ou exagero no bom que uma situação é, mas isso são contas de outro rosário. Se puder fazer a minha "sorte", faço-a. Se não, sigo a minha Vida, que é só o que tenho de fazer, e depois logo se vê. O que conta, como sempre, é o Agora, já o tinha dito, porque é no Agora que se decidem as coisas e não no Passado (o qual só serve para se tirarem lições) ou no Futuro (que é um bom factor para nos pôr a mexer no Agora, que não existe, onde tudo está por decidir e que, por isso, é errado fiarmo-nos).
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