29 de junho de 2008


Olhei-me há pouco ao espelho e não gostei do que vi. Não gosto do que vejo. Estou cansado, cansado demais para tudo. Sou a imagem da derrota, sinto-me derrotado por tudo, de inúmeras batalhas contra inimigos invisíveis, fantasmas, monstros horríveis, muitos dos quais que fazem parte do meu Eu físico. Dói-me tudo - corpo e alma. Sinto-me irremediavelmente perdido, só tenho vontade de chorar e não consigo, as lágrimas não me saem e ainda fico mais irritado por isso. E depois, pergunto-me: para quê? Para quê chorar, para quê entrar num pranto se vou continuar a sentir-me mal-disposto, derrotado, fraco, muito fraco... E prossigo, contendo tudo, tendo medo de tudo o que faço e de todos quanto encontro porque me sentirei mal e não posso sentir-me mal, "é uma vergonha, um homem assim e a sentir-se mal, olha para a figura que estás a fazer... Fraco, fraco!!..." Falta-me o ar, respirar fundo não ajuda, não me tira a dor, o mal-estar, não afasta os fantasmas, os dias passam e são somente "mais do mesmo"... a luz angustia-me, deprime-me (ainda mais, quem sabe), certos sons deixam-me atordoado, ainda mais mal-disposto, é a náusea que me invade e me persegue a cada momento do meu dia... é relato de dor este... de nada adianta contar mas esperava, secretamente, que ajudasse... no entanto, pelos vistos, este "mal" não desaparece nem por nada... é o fundo do buraco, é a Escuridão no seu pior, o espesso Medo para o qual resvalei e me fui afundando, estilo areia movediça... o Medo cerca-me em tudo o que faço, desde o primeiro acordar até ao ultimo bocejar antes de fechar os olhos... cada esquina da Vida me assusta, antes, o dobrar de cada esquina assusta-me, sem saber o que me espera mas sempre antecipando uma dor permanente e injusta... não há uma razão só para isso são muitas e muitas, com raízes profundas, de modo que agora cada coisa desconhecida que me apareça, cada coisa nova (mesmo com boas perspectivas) leva-me a uma desconfiança e falta de esperança atroz. Não esperar nada de bom é um pesadelo que ninguém deveria viver. Creio ser, até, contrário à natureza humana... mas é o meu dia-a-dia...

Que saudades de ser "normal"...

"I was standing by the edge of the water
I noticed my reflection in the waves
Then I saw you looking back at me
And I knew that for a moment
You were calling out my name
You took away my hero
Will you take away my pain..."

DT-1998

1 comentário:

Unknown disse...

Conheço bem o que sentes! Estou completamente familiarizada com essas emoções! Acredita! Tudo o que descreveste descreve também o buraco negro onde estive. Estive? Bem... já estive pior... Estive bem no fundo... Até que um dia me vi numa estrada, perto do ponto mais alto de Sintra. Olhei para as árvores e reparei que apesar de elas correrem o risco de ser queimadas num incêndio, elas continuavam a crescer cada vez mais para o alto. Apesar de tudo mudar, elas continuavam a crescer com toda a sua força e verdura. Desde esse dia compreendi que nunca fui abandonada, compreendi que posso caminhar nas maiores profundezas que ficarei bem. E arrisco mais, tento sair um pouco mais vezes da concha protectora onde me enfiei e vou beber um chá que eu nem sei muito bem do que é numa tenda de campanha! Acima de tudo amigo, tens de te ligar de novo à terra, descobrir de novo onde está a tua luz. Permitires-te por um momento respirar fundo, esquecer tudo e procurar... NADA! Estás preparado para uma nova vida, estás preparado para deixar tudo para trás e recomeçar um novo caminho, diferente de tudo o que alguma vez te descreveram. Conhecer a escuridão é o primeiro passo! O sol não tarda vai nascer! Acredita! E eu estou aqui para te ajudar a abrir os olhos e a vê-lo! Afinal... A noite pode ser escura mas se tiveres de olhos fechados não vais ver o milagre do nascer do sol. (eu sei que já sabes de tudo aquilo que eu te disse. Confia em mim. Respira fundo e não te concentres na dor, distrai a cabeça)