Sim, o Inverno chegou mas nao é desse gelo que vou falar... se bem que gelo desse é bem-vindo sempre... nem que seja por desejarmos que o Verão volte rapidamente (eu não, que até estou numa das minhas estações do ano favoritas)...
O gelo de que falo faz parte de mais um aspecto da dita revolução da qual falei anteriormente noutro post. É mais uma possivel volta que a minha vida pode dar brevemente. Eu disse "pode dar". Ainda nada é garantido. E é a isso que me refiro quando digo gelo fino...
O dito gelo, como se sabe é algo muito instável, não se pode apoiar muito nele, não se pode ter muitas certezas quando se está sobre ele ou se pensa apoiar nele. E neste momento certa parte da minha vida (uma boa parte aliás) está nessa fase de gelo fino, que, se se não tiver cuidado, ele parte e afunda muita coisa. É preciso portanto pensar, e pensar é coisa que não tem faltado...
Deixar algo para trás é dificil. Sobretudo quando se parte "á aventura de algo" que nem sequer sabemos se vai correr bem. Pisamos sem saber solo perigoso, campo minado, gelo fino, que a qualquer altura pode ceder em busca de sonhos, de queres, de missões incalculáveis de vida que nos deixam com o espírito em sobressalto só de sonharmos sequer com um vislumbre... Mas tudo isso são sonhos, imensos sonhos de um amanhã que pode nao existir, de algo que nem sequer está definido... Por isso prefiro falar que caminho em sonhos, não em gelo fino... O gelo pode partir, os sonhos podem desvanecer, mas o que conta é que os sonhos fazem o mundo andar para a frente, evoluir, melhorar... o gelo nao, só parte e fica...
Tenho sonhos. Quem não os tem?... Mas este é um sonho lindo... avassalador... grandioso... terrível... mas lindo. Não o deixo de sonhar, e quanto mais o sonho, mais o temo e me apaixono. Deixem-me sonhar, deixem-me caminhar no mundo do que pode ser, para chegar ao mundo do que é. Implica mudar a vida? Que seja. É a minha vida, ninguém a viverá por mim. Poderão vivê-la comigo mas nunca por mim. Agradeço a quem caminha a meu lado, seja familia ou amigos, todos são muito, muito importantes. Mas o sonho chama... há que o cumprir. E cumprido será... Tudo o que fazemos na vida, ecoa na eternidade... Eu sonho... que venham os ecos!
5 de novembro de 2004
18 de outubro de 2004
Tempo...
Hoje tenho a alma como o dia... Nasceu envolvida em penumbra, numa névoa que tudo cobre e que nao deixa a luz passar como é suposto. Tenho tudo esfumado, tudo cerrado, mente, corpo, alma, a alegria vedada e a felicidade reduzida. Não consigo esboçar um sorriso, só conter as lagrimas de uma agridoce tristeza por alguém que partiu e que não sei se volta... Essa dúvida, essa incerteza, tão adimensional como a de Heisenberg, é a humidade dessa névoa que me gela até aos ossos num tremor de medo.
Medo de quê? Daquilo que posso vir a perder. E o que tenho a perder é um mundo. O que tenho a perder é finalmente alguém que me pode compreender, alguém que pode entender esta tormenta que corre em mim, que não se assuste, que se encante por ela...
Tive uma visão. Vi que era possível ser amado, ser compreendido. Era uma visão linda como a luz do Sol num dia de Primavera, uma visão que nos faz suspirar e dar graças por estarmos simplesmente vivos. E como visão que era, assim que tentei tocar-lhe, desvaneceu-se. Num certo filme (ironicamente sobre Roma) o actor que fazia o papel do imperador César Augusto disse algo como isto: "Era uma vez um sonho. Chamava-se Roma. E perante este sonho so se podia sussurar. Tudo o que fosse mais que um sussurro, fá-lo-ia desaparecer pelo ar, como fumo." Há sonhos assim, que se lhe deitarmos luz para cima, se falarmos com eles,e eles desaparecem e acordamos. O acordar pode ser violento. Mas também pode ser suave como seda... A Vida tem de tudo; para o sabermos basta estar acordado...
Terei eu gritado?
Não sou Cesar Augusto. Nunca pretendi sê-lo excepto na sabedoria que ele tinha (isso dá sempre jeito). Mas concordo com as suas palavras. Não só sobre Roma (apesar de agora desejar com todo o meu fulgor que alguém tivesse gritado com esse sonho para que nunca tivesse existido) mas sobre outros sonhos em geral. Ténues, brutalmente reais, têm tudo para nos encantar e mudar a vida... mas para isso temos de a viver... e que os viver também...
Medo de quê? Daquilo que posso vir a perder. E o que tenho a perder é um mundo. O que tenho a perder é finalmente alguém que me pode compreender, alguém que pode entender esta tormenta que corre em mim, que não se assuste, que se encante por ela...
Tive uma visão. Vi que era possível ser amado, ser compreendido. Era uma visão linda como a luz do Sol num dia de Primavera, uma visão que nos faz suspirar e dar graças por estarmos simplesmente vivos. E como visão que era, assim que tentei tocar-lhe, desvaneceu-se. Num certo filme (ironicamente sobre Roma) o actor que fazia o papel do imperador César Augusto disse algo como isto: "Era uma vez um sonho. Chamava-se Roma. E perante este sonho so se podia sussurar. Tudo o que fosse mais que um sussurro, fá-lo-ia desaparecer pelo ar, como fumo." Há sonhos assim, que se lhe deitarmos luz para cima, se falarmos com eles,e eles desaparecem e acordamos. O acordar pode ser violento. Mas também pode ser suave como seda... A Vida tem de tudo; para o sabermos basta estar acordado...
Terei eu gritado?
Não sou Cesar Augusto. Nunca pretendi sê-lo excepto na sabedoria que ele tinha (isso dá sempre jeito). Mas concordo com as suas palavras. Não só sobre Roma (apesar de agora desejar com todo o meu fulgor que alguém tivesse gritado com esse sonho para que nunca tivesse existido) mas sobre outros sonhos em geral. Ténues, brutalmente reais, têm tudo para nos encantar e mudar a vida... mas para isso temos de a viver... e que os viver também...
5 de outubro de 2004
Caminhos batidos...
Todos os dias, como o mais comum trabalhador deste mundo, percorro o mesmo caminho. O caminho não tem nada de especial, talvez o que de mais especial tenha, á vista comum, é o facto de se passar por zona rural. Mas provavelmente é esse "simples" facto que me leva a não cansar de passar por lá... ou isso, ou o facto de me lembrar de passar por lá por vezes quando ia para casa da minha avó (doces memórias), de modo que, cada vez que lá passo é como se voltasse a ter 7 ou 8 anos e estivesse a ir de viagem para Leiria.
Caminhos batidos não têm necessáriamente que ser chatos. São caminhos que conhecemos, caminhos que nos habituamos a dizer sempre que lá passamos "olá" a cada uma das coisas que aí pertencem. E como sabe bem dizê-lo... Trazem-nos memórias, recordações, nostalgia, fazem-nos sentir bem connosco, lembrar que temos uma historia, que temos um rumo, que temos muitas historias, que conhecemos coisas, lugares e pessoas, enfim, que vivemos, que existimos...
Hoje passei pela estrada da Quinta de S. Roque e disse "olá" ao campo e aos animais que lá pastavam. Disse olá ás arvores que lá estão. Disse "olá" ás pedras e até mesmo á estrada. A essa disse também "obrigado". Não a ouvi agradecer. Senti-a sorrir...
Caminhos batidos não têm necessáriamente que ser chatos. São caminhos que conhecemos, caminhos que nos habituamos a dizer sempre que lá passamos "olá" a cada uma das coisas que aí pertencem. E como sabe bem dizê-lo... Trazem-nos memórias, recordações, nostalgia, fazem-nos sentir bem connosco, lembrar que temos uma historia, que temos um rumo, que temos muitas historias, que conhecemos coisas, lugares e pessoas, enfim, que vivemos, que existimos...
Hoje passei pela estrada da Quinta de S. Roque e disse "olá" ao campo e aos animais que lá pastavam. Disse olá ás arvores que lá estão. Disse "olá" ás pedras e até mesmo á estrada. A essa disse também "obrigado". Não a ouvi agradecer. Senti-a sorrir...
4 de outubro de 2004
Maré calma, noite a navegar...
Hoje á noite fui á janela. Gostei do que vi. Vi coisas como há já muito tempo que não via. Vi uma cidade reluzir. Mais do que isso, brilhar. É diferente.
Foi especial. Hoje o ruido da mão humana estava longe da minha casa. Em meu torno, só o silêncio de um campo que descansa de um verão que (felizmente) parece não acabar. Ao som de Mike Oldfield observei Lisboa. Estava linda, como se fosse para uma festa, com vestido de lantejoulas e sapatos de cristal... e estava tão nítida. Tirei-lhe uma foto. O que é que queriam q eu fizesse, guardasse só essa imagem na minha cabeça? Que nada! O que é bonito é para se ver, ja dizia o meu avô. E porquê não ficar com ela também?
Lisboa deslizava pelo tempo e cantava. Tinha o canto de mil vozes. Tinha a luz de mil estrelas. Era linda. Esta é a Lisboa que eu amo. A das luzes, a do ruido, a do movimento. A de existir. Porque é isso tudo e muito mais. Tem caras, tem máscaras, tem vestidos, tem birras, tem festas, tem... existe... é...
A noite navega pela terra. Lentamente, rumo ao seu não-destino... ou ao seu destino de sempre... Passa e encanta. Vai e canta. A Lua olha e nada diz. Só pensa... Por isso é que talvez exista...
Dorme bem, Lisboa, e tu que por ai andas...
Foi especial. Hoje o ruido da mão humana estava longe da minha casa. Em meu torno, só o silêncio de um campo que descansa de um verão que (felizmente) parece não acabar. Ao som de Mike Oldfield observei Lisboa. Estava linda, como se fosse para uma festa, com vestido de lantejoulas e sapatos de cristal... e estava tão nítida. Tirei-lhe uma foto. O que é que queriam q eu fizesse, guardasse só essa imagem na minha cabeça? Que nada! O que é bonito é para se ver, ja dizia o meu avô. E porquê não ficar com ela também?
Lisboa deslizava pelo tempo e cantava. Tinha o canto de mil vozes. Tinha a luz de mil estrelas. Era linda. Esta é a Lisboa que eu amo. A das luzes, a do ruido, a do movimento. A de existir. Porque é isso tudo e muito mais. Tem caras, tem máscaras, tem vestidos, tem birras, tem festas, tem... existe... é...
A noite navega pela terra. Lentamente, rumo ao seu não-destino... ou ao seu destino de sempre... Passa e encanta. Vai e canta. A Lua olha e nada diz. Só pensa... Por isso é que talvez exista...
Dorme bem, Lisboa, e tu que por ai andas...
3 de outubro de 2004
Dias conturbados estes...
Nem uma tempestade revolveria tanto as coisas como estes dias revolvem... E ainda dizem que é na adolescencia que as coisas são mais confusas, turbulentas, poderosamente profundas - mas com uma profundidade que não conseguimos sentir senão por ecos num futuro que nos pareceria, na altura, altamente distante e tão longinquo como o passado a que ambicionávamos, muitas vezes voltar.
As revoluções acontecem, quer nós queiramos quer não, e tomam o seu rumo qual ser com vida própria, raciocínio e maneira de ser. Respiram, comem, destroem, criam e criam-se. Mas há uma coisa que inconscientemente muita gente inveja nas revoluções: é que são imortais. Não têm tempo. Nascem mas não morrem.
Tudo aquilo que se está a passar comigo não é nada de mais. Apenas aquela revolução que acontece na vida de muita gente, de quase toda a gente, de todos aqueles, pelo menos, que pensam.. ou até mesmo naqueles que não existem. São escolhas que se tomam, são decisões que se fazem, são vias e rumos a tomar em direcção a um futuro que será uma certeza depois da revolução deglutir mais um produto da nossa mente atirado ao acaso. Mas o problema, como um personagem de um filme dizia, "o problema é escolha". Todas as revoluções têm problemas. E a desta é a escolha. Isto ou aquilo?... Por aqui ou por ali?... Vivo ou deixo viver?... Parto ou fico?... As revoluções não sobrevivem de moeda ao ar. Sobrevivem de pessoas. Somos carvão pra elas. E elas, que fazem? Pedem mais. É isto a (r)evolução. É isto a vida. Conturbada?... Só se o quisermos...
As revoluções acontecem, quer nós queiramos quer não, e tomam o seu rumo qual ser com vida própria, raciocínio e maneira de ser. Respiram, comem, destroem, criam e criam-se. Mas há uma coisa que inconscientemente muita gente inveja nas revoluções: é que são imortais. Não têm tempo. Nascem mas não morrem.
Tudo aquilo que se está a passar comigo não é nada de mais. Apenas aquela revolução que acontece na vida de muita gente, de quase toda a gente, de todos aqueles, pelo menos, que pensam.. ou até mesmo naqueles que não existem. São escolhas que se tomam, são decisões que se fazem, são vias e rumos a tomar em direcção a um futuro que será uma certeza depois da revolução deglutir mais um produto da nossa mente atirado ao acaso. Mas o problema, como um personagem de um filme dizia, "o problema é escolha". Todas as revoluções têm problemas. E a desta é a escolha. Isto ou aquilo?... Por aqui ou por ali?... Vivo ou deixo viver?... Parto ou fico?... As revoluções não sobrevivem de moeda ao ar. Sobrevivem de pessoas. Somos carvão pra elas. E elas, que fazem? Pedem mais. É isto a (r)evolução. É isto a vida. Conturbada?... Só se o quisermos...
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