21 de março de 2008

Olá Helena!

Como estás? Bem vinda de novo a este mundo! Creio que as coisas devem ter mudado um bocadinho desde a última vez que aqui estiveste... Não sei quando foi mas, muito certamente, também aí nos encontrámos... afinal, és da Família!

Nasceste num país chamado Portugal, numa cidade chamada Lisboa. Não é um país mau. É até bastante pacífico só que tem o problema de ser governado por incompetentes... mas isso terás muito tempo para verificar pelos teus olhitos. O que quero realçar aqui, é a beleza esplêndida deste pais, a riqueza das gentes, o fino ar que dispomos, a Paz que gozamos. É um pais pequenito mas que contém segredos inigualáveis. Se assim o quiseres, terás muito a descobrir. Verás, por exemplo, que somos muito orgulhosos da nossa História, de um certo passado, repassado, há já muito tempo. Mas esse é também um defeito deste país: vive-se demasiado no passado. Mas creio que isso, para ti, não será problema. Fazes parte de uma nova Era, verás o mundo com outros olhos, sentirás as coisas com um coração mais presente. Não olharás, muito provavelmente, para o Passado à procura de consolo, de um algo que te faça sentir importante, perpetuando os teus dias à sombra dessa glória passada. Preferes viver no Agora porque sabes que o mais importante que um Humano tem é a Luz que é, que existe no Presente e sabes (e tomarás consciência disso) que é com isso que deve trabalhar para fazer as coisas andarem para a frente.

Nunca te esqueças que és Humana, um tipo de Anjo muito especial, mas sempre um Anjo. Ser Humano, para além de ser uma Honra, implica muito trabalho (como "sabes" e acabarás por perceber) pois viverás numa Guerra constante dentro de ti, entre a Luz e a Sombra, uma Luta realçada com a vivência com outros Humanos que vivem, cada qual, com a sua Guerra. Mas não te assustes: tal como alguém me disse há uns tempos, existe sempre um Anjo disposta a ajudar-te sempre que precisares e, além disso, tens mais alguns atributos que boa parte das pessoas sobre a Terra (pela altura que te escrevo) não tem, o que poderá (mais uma vez, se assim o quiseres) "facilitar" o Trabalho.

Não é por acaso que nasceste no seio de uma família. Observa-os bem e ama-os, não porque é uma Lei mas porque são, serão certamente os teus melhores Amigos e terás o seu Amor incondicional. Não serão os únicos, contudo, e aos demais que encontrares no teu Caminho partilha com eles o teu Amor e o teu Tempo. Também eles o farão mas, atenção, nem sempre será da maneira que esperas. Olha, então, mede todas as tuas acções e as deles com os olhos do Coração e evitarás tristezas desnecessárias. Aliás, olha sempre tudo o que te rodeia por esses olhos tão especiais: saberás sempre para onde ir e o que fazer. E, acima de tudo, lembra-te que este Caminho, o TEU Caminho, é só Teu e que, apesar de existirem pessoas com que te "acompanham", nenhuma delas tem o poder de o fazer por ti, ou tu o delas. Só tu é que sabes de onde vens, onde estás e para onde vais. Nós (deste e do Outro Lado) estaremos contigo. Sabes que muito mais te poderia dizer, mas, por muito que te contasse, nada substituiria a experiência que é o Milagre de Viver.

Paz e Luz, minha Querida!

19 de março de 2008

I could see you dance
In the middle of the road to my heart,
Your body moving,
A reflection of your soul...

I was alone,
I was tired of this place, of this life...
And there you were,
Like a remedy for my pain...

You were so alone,
“A heart of stone” - they said...
They couldn’t be more wrong,
They just couldn’t be more wrong...

Your voice is fading,
In the echoes of a song you once sang...
Tired and lonely,
Yet so strong that it makes me cry...

Shout out loud!, Dark Poet full of scythe
The time has come for them to
Save you!
Trespassing through Time, if they could
Save You!
Knowledge is a crime and I shall
Save You!
Make your words live on and on,
And on, and on, and on, and on, and on...
On and on...

I could see you dance
In the middle of the road to my heart...

Beardfish - Sleeping In Traffic Pt1 - 2007

...pode ouvir-se aqui...

15 de março de 2008

"The greatest challenge to any thinker is stating the problem in a way that will allow a solution."
(O maior desafio de um pensador é aferir o problema de forma a que permita uma solução)
B. Russell

Ora aqui está o nosso amigo Bertrand novamente à carga, numa citação encontrada por acaso! Devo dizer que não conheço muito da sua vida mas ouvi há uns tempos coisas que não me agradaram sobre certos pontos de vista seus (dos quais não me recordo)... De qualquer forma, não estou aqui para julgar o homem, simplesmente, quero pensar um pouco sobre esta tirada filosófica...

Todos os problemas, para serem compreendidos como problemas, têm que ser aferidos. Os mecanismos de reconhecimento foram inicialmente descritos por Kant, sendo a sua explanação prosseguída por célebres e eminentes epistemologistas como K. Popper (corrijam-me se estiver enganado!). Dependendo, creio, da perspectiva pela qual o aferimos, poderemos vislumbrar uma saída para o novelo que tenhamos em mão. Ora, é aqui que o problema gera outro problema porque encontrar uma perspectiva de solução é quase tão difícil como encontrar a própria solução. No entanto, assim que a encontramos (a perspectiva), o objectivo final torna-se muito mais real. Esta é a minha interpretação e creio que foi nisto que Russell se revelou um "Senhor": ele era um Vulgarizador da Filosofia, tornou-a, com os seus raciocínios rápidos, acessível ao "comum dos mortais", reabriu uma nova época de Racionalismo, de Análise da Realidade ao longo de um século, no qual pareceu que as pessoas fizeram demais e pensaram (correctamente) "de menos" e que, também graças a isso, ou não, se encaminha para uma era de obscurantismo tecnológico, ou seja, "não me interessa como funciona, desde que funcione! Alguém há-de saber isso...". Será este o mundo em que queremos viver?

12 de março de 2008

Betracht dies Herz und frage mich,
Wer hat die Kron' gebunden,
Von wem sind diese Wunden?
Sie ist von mir und doch für mich.
Sieh, wie es Blut und Wasser wient,
Hör, was die Zähren sagen,
Die letzten Tropfen fragen,
Ob es mit dir nicht redlich meint...
Ergib dich, hartes Herz,
Zerfließ in Reu und Schmerz.

Tradução:

Repara neste Coração e pergunta-me,
Quem entrelaçou esta Coroa,
De quem são estas Feridas?
Fui eu que a fiz e sou eu que a carrego.
Vê, este coração chora Sangue e Água,
Escuta o que dizem as Lágrimas:
As ultimas gotas perguntam
se não és sincero...
Rende-te, Coração duro,
E derrete-te em Remorsos e Dor.

Engelsarie aus Grabmusik - W.A. Mozart, 1767

11 de março de 2008

Depois dos ultimos posts, altamente musicais, chega a altura de algo completamente diferente...
Queria partir... de um filme. Vi este filme na 6ª feira e o título é "Into the Wild" (O Lado Selvagem, título em Portugal). E, daí partindo, a pergunta que faço é: quantos de nós têm entrado em contacto com o seu lado selvagem? Quantos é que se ligaram aquele lado em que tudo está imaculado, o local em que são realmente livres? É um local assustador? Pode ser (se assim o deixarmos)! E o caminho para lá chegar não é, muitas vezes, fácil. Pelo caminho, muitas barreiras há que nos impedem de lá chegar... muitos caminhos, muitas encruzilhadas... a Dúvida assola-nos, os nossos preconceitos e regras de auto-domínio impedem-nos de chegar ao nosso ponto mais genuíno... As regras da sociedade, nas quais estamos integrados, e as quais nos são incutidas desde a mais tenra idade, viram-se (quantas vezes!) contra nós e desviam-nos... Perdemo-nos! Esse é um Local ao qual convém que retornemos frequentemente. É lá que está a Essência! Quando tudo no mundo falha, eis algo do tamanho do Universo, dentro de nós, que nunca falhará...

9 de março de 2008

Temptation-
Why won't you leave me alone?
Lurking Every Corner, everywhere I go...

Self Control-
Don't turn your back on me now
When I need you the most...

Constant pressure tests my will
My will or my won't
My Self Control escapes from me still...

Hypocrite-
How could you be so cruel
and expect my faith in return?

Resistance-
Is not as hard as it seems
When you close the door...

I spent so long trusting in you
I trust you forgot
Just when I thought I believed in you...

[Sample is Meryl Streep from the film "Falling In Love".]
"What're you doing?
What're you doing?"


It's time for me to deal
Becoming all too real
living in fear-
Why did you lie and pretend?
This has come to an end
I'll never trust you again
It's time you made your amends
Look in the mirror my friend...

[Sample is Jeremy Irons from the film "Damage".]
"That I haven't behaved as I should"
[Sample is Mary Beth Hurt from the film "Light Sleeper".]
"Everything you need is around you. The only danger is inside you."
[Sample is Jeremy Irons from the film "Damage".]
"I thought you could control life, but it's not like that. There are things you can't control."


Let's stare the problem right in the eye,
It's plagued me from coast to coast...
Racing the clock to please everyone,
All but the one who matters the most...

Reflections of reality
are slowly coming into view...
How in the hell could you possibly forgive me,
After all the hell I put you through?!?

It's time for me to deal,
Becoming all too real,
living in fear-
Why'd I betray my friend?
Lying until the end!
Living life so pretend!
It's time to make my amends,
I'll never hurt you again...



... e é isto, basicamente!...

6 de março de 2008

Confrontaram-me, ainda há minutos, com o meu passado. E, mais engraçado, com um momento que eu considero muito positivo! Foi muito giro!
O Passado é algo imutável. Coisas boas ou coisas más, ninguém lhes pode mexer. Jamais! Por um lado isso parece cruel (visto que é impossível passarmos pelo mesmo) mas por outro é um alívio porque NÃO temos de passar pelos mesmos momentos maus. De qualquer forma, o Passado parece ter a irritante mania de nos querer "apanhar". E sobretudo, de tentar subverter coisas boas em coisas más, ou más em boas (ou ainda piores). É aí, nesses momentos, creio, que nós vemos o quão forte nós somos, o quanto estamos em paz com aquilo que vivemos. Tudo o que vivi, bom ou mau, sei que teve um propósito, e aquilo que ficou eternizado foi o que eu sentia na altura. Olhando para trás, posso rir-me, posso chorar, posso sentir saudades mas não quer dizer que voltasse a fazer ou evitasse. Já está feito, teve um propósito! Eu escolho viver no Agora. Se isso implicar ser confrontado pelo que disse ou fiz (que tenho a certeza que o fiz com a maior das Verdades), que seja. Há que separar as coisas, a única variável comum ao (meu) Passado e ao Agora, sou eu! E mesmo essa variável, é isso mesmo: uma variável. Mudei, e mudei porque tenho um Passado. Ou seja, sou e não sou o mesmo. Será necessário julgamento e/ou condenação por isso? Podia agora ir pela questão de crimes (mesmo crimes, termo judicial) passados, criminosos que nunca foram julgados e que o deviam ser, mas não é dessa(s) situação(ões) que falo. Falo do nosso passado pessoal, daquele que só a nós diz respeito, sem dano físico pessoal. E mesmo assim, ele tem essa tendência estranha de "pedir contas"... Então, que peça! Mas que se saiba que, ou já paguei, ou estou a pagar...

2 de março de 2008


... e, um dia, muitas como esta haverão. Grazzie Nocas!

1 de março de 2008

...mas eis que deslizo pelo fino macadame e me dou surpreendido. Aquela sensação típica de alguém que se passeia à beira rio num fim de tarde invade-me... Ninguém o definiu melhor como Cesário...

"Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer. (é mais o contrário, mas pronto, não posso mexer nas rimas...)

...

Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo! [...]"

Lisboa era uma cidade bonita ao fim do dia... A Luz que envolvia a zona ribeirinha era suave como uma cobertura de caramelo quentinho, acabadinho de fazer, e douradito. O cheiro no ar trouxe-me a nostalgia de anos há muito passados e sinto-me pleno de energia e bem-estar... Só me apetecia expandi-la em todas as direcções, que todos sentissem o que sinto!... Olho em meu redor, há sorrisos, há serenidade, há beijos e carinhos, há sorrisos e brincadeiras, conversas de fim de tarde, pequenas sinfonias numa "Opera Universalis" no qual me sinto, simples, figurante... e assim, ouvindo os ultimos acordes da encenação do dia, oiço o cair do pano indigo, sentindo a aturdida preparação para o número da noite...

Hoje, como num dia longínquo, senti-te, Lisboa, a sorrir... Era esse sorriso teu, ou de quem, "alguém", por aí anda?...