"The greatest challenge to any thinker is stating the problem in a way that will allow a solution."
(O maior desafio de um pensador é aferir o problema de forma a que permita uma solução)
B. Russell
Ora aqui está o nosso amigo Bertrand novamente à carga, numa citação encontrada por acaso! Devo dizer que não conheço muito da sua vida mas ouvi há uns tempos coisas que não me agradaram sobre certos pontos de vista seus (dos quais não me recordo)... De qualquer forma, não estou aqui para julgar o homem, simplesmente, quero pensar um pouco sobre esta tirada filosófica...
Todos os problemas, para serem compreendidos como problemas, têm que ser aferidos. Os mecanismos de reconhecimento foram inicialmente descritos por Kant, sendo a sua explanação prosseguída por célebres e eminentes epistemologistas como K. Popper (corrijam-me se estiver enganado!). Dependendo, creio, da perspectiva pela qual o aferimos, poderemos vislumbrar uma saída para o novelo que tenhamos em mão. Ora, é aqui que o problema gera outro problema porque encontrar uma perspectiva de solução é quase tão difícil como encontrar a própria solução. No entanto, assim que a encontramos (a perspectiva), o objectivo final torna-se muito mais real. Esta é a minha interpretação e creio que foi nisto que Russell se revelou um "Senhor": ele era um Vulgarizador da Filosofia, tornou-a, com os seus raciocínios rápidos, acessível ao "comum dos mortais", reabriu uma nova época de Racionalismo, de Análise da Realidade ao longo de um século, no qual pareceu que as pessoas fizeram demais e pensaram (correctamente) "de menos" e que, também graças a isso, ou não, se encaminha para uma era de obscurantismo tecnológico, ou seja, "não me interessa como funciona, desde que funcione! Alguém há-de saber isso...". Será este o mundo em que queremos viver?
2 comentários:
Sempre admirei a tua capacidade de ler Kant e companheiros... Confesso que sempre fui péssima para nomes e filosofia dita dessa forma... Mas no todo, na última parte do post, consegui perceber! Vá lá! Não é mau de todo para mim, que passo a vida a olhar para o estado das nuvens no alto do meu poleiro... Acho que obscurantismo sempre houve! Antes não se sabia que a Terra girava à volta do sol, bebia-se água e nem se sabia que ela poderia ter "bichinhos"... Muitas vezes gostaria de ficar nessa inocência... Simplesmente Ser sem me preocupar porquê... Mas a nossa mente inquieta não pára de questionar, interrogar, querer saber o porquê, ter uma explicação para tudo... E por vezes temos de usar meios (que não sabemos muito bem como funcionam) para responder às nossas questões... O que é certo é que muitas vezes isso não importa! Não me interessa saber como funciona o computador para escrever nele! Que horror! Perco-me no meio da programção, da nanotecnologia, da electrónica... mesmo tendo algumas bases, uma leve ideia... No entanto, isso para mim não me interessa, apenas sei que o posso utilizar para conseguir especializar-me! Responder às minhas questões, que muita gente também não sabe, mas que é o meu pequeno nicho, o meu pequeno contributo para toda a informação já existente... Não sei se interpretei mal o teu texto... Podem existir outras permissas que deitam abaixo as minhas teorias mas... é sempre bom pensar! (e existir!)
Minha querida, não te digo que estejas errada, pelo contrário, acho que a tua perspectiva é válida! Acho que a sobre-especialização que se verifica em certas áreas do desenvolvimento (como a nossa) é um caminho inevitável se quisermos que, efectivamente, se verifique esse desenvolvimento. A questão que coloco no final é um bocado a consequência de (e agora vou pegar no teu exemplo): tens um PC e só precisas que ele funcione para escrever... e se ele avaria? Sabes arranjá-lo? Sabes, pelo menos, que peças substituir? É impossível saber de tudo a um ponto de mestria, mas o que é facto é que se verifica, quanto a mim, algo muito mais grave que é o alheamento de um mínimo de conhecimento devido a preocupações (de base social) que nem sequer deviam existir por Dignidade, pelo Direito Humano, etc...
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