1 de março de 2008

...mas eis que deslizo pelo fino macadame e me dou surpreendido. Aquela sensação típica de alguém que se passeia à beira rio num fim de tarde invade-me... Ninguém o definiu melhor como Cesário...

"Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer. (é mais o contrário, mas pronto, não posso mexer nas rimas...)

...

Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo! [...]"

Lisboa era uma cidade bonita ao fim do dia... A Luz que envolvia a zona ribeirinha era suave como uma cobertura de caramelo quentinho, acabadinho de fazer, e douradito. O cheiro no ar trouxe-me a nostalgia de anos há muito passados e sinto-me pleno de energia e bem-estar... Só me apetecia expandi-la em todas as direcções, que todos sentissem o que sinto!... Olho em meu redor, há sorrisos, há serenidade, há beijos e carinhos, há sorrisos e brincadeiras, conversas de fim de tarde, pequenas sinfonias numa "Opera Universalis" no qual me sinto, simples, figurante... e assim, ouvindo os ultimos acordes da encenação do dia, oiço o cair do pano indigo, sentindo a aturdida preparação para o número da noite...

Hoje, como num dia longínquo, senti-te, Lisboa, a sorrir... Era esse sorriso teu, ou de quem, "alguém", por aí anda?...

1 comentário:

Unknown disse...

Aqui não vou deixar mais do que um beijo, "Aquele" Beijo!