There is no greater importance in all the world like knowing (that) you are right and that the wave of the world is wrong... yet, the wave crashes upon you.
Norman Mailer (1923 - 2007)
I can remember the first time I had to go to sleep. Mom said, "Steven, time to go to sleep." I said, "But I don't know how." She said, "It's real easy. Just go down to the end of tired and hang a left." So I went down to the end of tired, and just out of curiosity I hung a right. My mother was there, and she said "I thought I told you to go to sleep."
Steven Wright (n. 1955)
I have found the paradox that if I love until it hurts,
then there is no hurt, but only more love.
Mother Teresa (1910 - 1997)
I can accept anthing, except what seems
to be the easiest for most people:
the half-way, the almost, the just-about, the in-between.
Ayn Rand (1905 - 1982)
Sentou-se com a cabeça entre as mãos, no escuro. O sol projectava-se à sua frente num quadrado de luz proveniente do intenso feixe de luz que passava sobre a sua cabeça. Assim tivesse ele uma ideia brilhante, para poder sair da embrulhada em que se tinha metido. Em breve o Sol pôr-se-ia e o cubículo em que estava ficaria entregue à escuridão. Fechou os olhos à luz, pensativo. Tudo o que tinha pensado recorrer, falhara, sem remédio: os amigos, a família, a empresa. Ao saberem da confusão em que se metera, viraram-lhe as costas sem apelo nem agravo. "É bem feito, ninguém mandou falar em nome deles...", pensou. Agora tudo o que restava...
Não, não, não!... não vou por aqui... Hoje não há conto. Comecei a escrever isto mas creio que a historia final seria semelhante ao que já escrevi de outras vezes. E para escrever o que já se escreveu, ou parecido, é a mesma coisa que um prato requentado: por muito que tenhamos gostado, não nos saberá da mesma forma que acabado de fazer. Por isso, não vai haver conto.
Porque será que é preciso ter um sentido de missão, ter um objectivo na vida? É algo que sentimos como sendo tão necessário que não o tendo, sentimo-nos completamente perdidos. Mas qual é a verdadeira utilidade de um sentido de vida? Não será uma ilusão, um subterfúgio mental para nos deixar concentrados em algo?
Confesso que há uns tempos que não senti qualquer objectivo na minha vida que não fosse a pura subsistência do meu ser terreno. Sim, levantava-me de manhã e pensava que tudo o que "tinha" que fazer era uma seca, que era despropositado, sem sentido, aborrecido, um custo. É certo que não andava nas melhores condições MAS seria isso uma consequência do problema ou a sua origem? Tenho pensado nisto e ainda não cheguei a nenhuma conclusão - um bocado como o dilema do ovo e da galinha. O que é uma verdadeira missão de vida, um verdadeiro propósito? Para mim, é algo que, terminado (ou terminada a vida) deixou ou deixará largo fruto para gerações vindouras. De preferência fruto positivo. Algo que para mim seja de longa duração, algo vitalício. Épico, quase. Com trabalhos quase tão grandes como os de Hércules, com inimigos e alguma resistência, e muita paciência também. Com sangue, suor e lágrimas que sintamos que valham a pena sangrar, suar e chorar. Isto, quanto a mim, é uma verdadeira missão. É preciso, por isso, criar condições para que essa 'missão' se cumpra, pequenas sub-missões paralelas do dia a dia, aparentemente sem importância, mas que ajudam (e são por vezes necessárias) a que a missão de vida progrida. Mas há um outro problema de natureza questionável: que fazer quando estas sub-missões se tornam absolutamente banais, ou quando se perde o sentido da missão, ou quando nunca se soube?
Não sou psicólogo nem pretendo ser. Sei o que sinto e nada mais. Sei acima de tudo o quanto é difícil viver sem um objectivo claro, sobretudo depois de ter passado uma boa parte da vida a ter objectivos diários que, não cumpridos, podiam trazer largos amargos de boca. Estava demasiado em jogo na altura. Lembro-me de me sentir preso na rotina, no peso absurdo de rituais e obrigações que não me levavam a lado nenhum, mas apenas a um sentimento de problema evitado e de dever cumprido. Para algumas pessoas, sei que isto bastaria, mas não para mim, precisamente por me sentir incluído num ciclo fútil - uma sensação exactamente oposta à de sentido de missão. Não era a segurança de uma rotina de dia-a-dia que eu buscava, não eram os pequenos objectivos do dia-a-dia que me satisfaziam para, embalado nas marés do dia-a-dia, me sentir cumprido à hora de ir para a cama e fechar os olhos, sentindo-me grato pelo oxigénio que consumi. Sentia-me asfixiado. Mas, paradoxo irritante, quando deixei essa mesma rotina, essas 'obrigaçõezinhas', esse pequeno mundo socialificado, senti-me perdido. As pequenas obrigaçõezinhas entranharam-se em mim como nódoas na roupa, ou ácaros por entre as fibras e simbioticamente alteraram a minha percepção da vida. Ou então como uma droga, ficando viciado nelas, entrando em 'ressaca' quando deixei de as ter. Não é por isso que, no fundo, toda a gente arranja um emprego e não um trabalho? Tudo se resume a segurança a esforço mínimo: o dinheiro, a rotina 'sequinha', sem solavancos, sem muito... trabalho. O trabalho é complicado. Dá... trabalho, faz... suar, cansa. Temos que improvisar, temos que dar o melhor de nós, ter sempre me mente o objectivo maior. O emprego é mais... "sim, sim, um objectivo mas ainda está tão longe... se é que é visível...". Ou, "sim, eu sei que o objectivo é fazer com que a empresa tenha lucro, que tenha sucesso, essas coisas todas... mas isso é tão vago... Desde que eu faça o que tenho a fazer (estalido com a língua)... deixa-me cá estar no meu cantinho...". Coisas assim.
Nada disto era para mim. E quem conhece a minha história (com 'H' - como eu -, ao contrário das outras que são escritas com um 'E') sabe que assim foi. E que quase voltou a ser assim. Mas o facto de não se ter um objectivo preciso a longo prazo também não abona muito em favor da paz de espírito. E não estou a falar só de emprego. É uma sensação quase angustiante a de acordar e ter a impressão que algo ficou por fazer, a de um trabalho inacabado. São 3,12 e consigo sentir perfeitamente esse sentimento a assomar-se em mim cada vez que me imagino a acordar de manhã. É quase uma acto reflexo. A vida de cada um é uma obra incompleta. É preciso ter essa consciência, ou antes, reconquistá-la. Quando somos crianças, o que é que fica completo? Tentem lá recordar-se... Pois, nada! Tudo é interrompido, tudo é alterado a casa segundo porque surge uma ideia melhor, mil vezes melhor, genial, brilhante, estonteante!! Ficava-se frustrado quando vinha um dos pais e dizia que estava na hora de ir embora mas sabíamos que outro dia vinha para acabá-lo. Isto se houvesse o dia a seguir, como raramente havia. Porque é que só para as coisas más é que há 'dias seguintes'?... Já sei: 'mas também há dias seguintes de coisas boas!'. Sim, há. Eu sei que há. Já os tive, em 'crescido' (isso de ser adulto é muito complicado, não quero!). E também sei o quanto é fácil ficar viciado neles. Quando no-los tiram, é terrível. As birras, em vez de durarem a viagem de carro até casa, duram dias, semanas, meses, anos...
Está a dar na tv um filme em que um gajo emborca um frasco de champô purificante chamado 'La Vie'. Creio que não foi por acaso. Uma pessoa sente falta da vida que tinha antigamente e tenta enfiar 'La Vie' de borco, de forma a sentir-se purificado e, logo a seguir, partir em busca do outro Mundo. É preciso ter cuidado com os excessos de coisas que se emborcam, e com os excessos...
... e quando vamos a ver já são tão insuportáveis que já fazemos birras às birras. É de estar farto. Entra-se em 'flatline' e a certa altura perde-se a noção do porquê de estarmos a embirrar com tudo. Embirra-se e pronto. Porque não sabemos fazer outra coisa. Il faut mettre un Stop!, un très gros Stop! en nos Vies pour qu'on sâche la vraie raison d'être devenus comme ça. Car on sait définitivement qu'on n'est pas comme ça, il y a toujours cette petite voix dans nos coeurs qui nous crie: Arrête! Tu n'es pas comme ça!! Mas como, se não sabemos onde estamos, se nos perdemos de nós mesmos? Ah, ça alors, est à toi de le savoir. On t'a déjà dit ce qu'il a changer. Le reste est a toi de le faire. Cherche! E dizem-me isso com um sorriso.
Objectivos? Quem precisa de objectivos? O que uma pessoa precisa é de não se deixar levar nas correntes impetuosas do dia a dia, dos objectivos traçados por outros que nos arrastam para longe de nós. Não precisamos de ficar à deriva. Temos que nos afastar para as margens do rio, para a costa, parar de vez em quando. If you stop, you'll die! Sim, então que morra! Que morra essa pessoa que vocês querem que seja, sim vocês que criam essa corrente que querem que trague, que devore toda a gente que de lá se aproxime, no maior cúmulo de egoísmo alguma vez visto, para que não fiquem sozinhos! Nós temos que estar sozinhos, foi por isso que viemos a este mundo num só corpo, para que fosse fácil perceber onde estávamos a cada momento porque isso... isso, é o que conta. Se soubermos onde estamos, se tivermos essa certeza inabalável, sentindo-nos unos connosco (alguém sabe o que é isso? Então relembrem-me que eu já não sei o que isso é...) e com o ponto da Vida em que estamos, quaisquer objectivos que tenhamos serão claros. Ninguém saberá onde ir se não souber onde está. O objectivo final de todos é a Vida e essa, para onde quer que se vá, estará lá sempre. É a Viagem e o Destino.
Arre! Custou, mas foi!! (estalido de língua)
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