1 de setembro de 2009


He had discovered a great law of human action, without knowing it - namely, that in order to make a man or a boy covet a thing, it is only necessary to make the thing difficult to obtain.
Mark Twain (1835 - 1910), "The Adventures of Tom Sawyer", Chapter 2

Todos os dias ele passava à frente daquela loja. Era mais forte do que ele. Ficava exactamente 5 minutos em frente da montra, especado a olhar para a bicicleta esmaltada. Entrava num estado quase hipnótico, de adoração profunda por aquele objecto, um amor superior ao que tinha pela maioria das pessoas que conhecia. Nessa altura não se lhe podia dizer nada: quem se atrevesse a tamanho sacrilégio, era capaz de apanhar com um pontapé nas canelas, uma pisadela nos pés ou uma ferroada na mão. Mas com força. Era o 'seu' momento. Nada o podia estragar.

Valério não tinha uma bicicleta. Era o único miudo da sua rua que não tinha uma bicicleta, o que o colocava no ponto mais baixo da escala social do seu grupo de amigos e de fora de muitas das brincadeiras. Para eles, as bicicletas não eram só bicicletas, eram os seus cavalos, os seus carros, os seus aviões, as pernas e as asas que os levavam para longe daquela rua, em direcção a um mundo tão real e possível como o jantar que tinham na mesa à sua espera, à noite. Valério não tinha, às vezes, jantar à espera dele. Muitas vezes, em substituição, tinha uma carga de porrada por ter estado a brincar em vez de ter ido trabalhar, que é como quem diz, ir pedir na rua ou ir com o pai apanhar cartão nos caixotes para vender às fábricas para reciclar. Então, quando se dignava a fazer o único emprego que era suposto exercer, recebia em géneros: colheres de pau, lambadas, uma cadeirita ou outra ou até uma mesa quando ia de encontro às mesmas. E jantar que devia ter, era mentira. "Nesta casa só come quem trabalha! Já para a cama, bandido!", gritava-lhe a mãe enquanto o fustigava. Por isso, sempre que lhe advinha uma forte vontade de brincar, Valério não perguntava à sua consciência ao que é que queria brincar; perguntava, isso sim, ao seu estômago se tinha muita ou pouca fome nesse dia. Conforme a resposta, haveria brincadeira ou não.

A bicicleta lá estava: nova, reluzente, com os pneus por estrear (ainda com aquelas espículas de fábrica), mesmo da sua côr preferida. Era o seu sonho, nunca abdicaria dele. Um dia, levá-la-ia dali e com ela faria a mais longa viagem da sua vida, para longe da sua rua, para longe daqueles amigos que o ostracizavam, dos pais, dos irmãos que ainda eram piores, dos colegas da escola (que de quando em vez diziam que cheirava mal - mas como, se ele tomava banho todos os dias!), no fundo, para longe da realidade em direcção a um mundo em que não houvesse pancada, em que o jantar existisse sempre a tempo e horas na mesa (de preferência, bifes com batatas fritas e ovo estrelado), em que os colegas não dissessem que cheirava mal e em que os amigos não o deixassem para trás. Aquela bicicleta era a chave, a Liberdade, o Sonho, o seu Tudo. Mas 5 minutos depois, o sonho terminava. O sr. Freitas fechava a montra e a visão que ele tinha acabava. Não o sonho, esse perdurava na sua fértil mente pelo resto da tarde, pela noite dentro. O sr. Freitas não era mau: simplesmente tinha de fechar, e Valério compreendia. A noite estava a chegar e as pessoas tinham o jantar à espera na mesa; se fosse ele também ia a correr. A noite também era a melhor parte do dia para Valério. Era quando tudo ficava em silêncio, quando não havia ninguém que o chateasse (tirando um eventual espernear de um dos 4 irmãos com quem dividia a cama), quando a seguir havia o pequeno-almoço antes de ir para a escola, mas era, acima de tudo, quando podia mergulhar no seu mundo de sonhos e, assim, visitar a sua montada de sonho. Todos os dias, ao acordar, pensava 'Aquela bicicleta vai ser minha!' e depois de esfregar a cara com um pouco de água fria e sabão azul e branco, lá se preparava para ir comer uma pequena côdea de pão meio-seco com marmelada e um copo de leite.

Era o fim das aulas daquele ano. Como sempre, a criançada saía a correr das aulas aos gritos, com mil sonhos alimentados a dias de Sol e banhos de Mar. Todos menos Valério. Ele saía de mãos nos bolsos, meio acabrunhado, a olhar para trás, a desejar ardentemente que as férias acabassem no dia a seguir. Valério gostava da escola - mas não dos colegas que diziam que ele cheirava mal -, da professora, de desenhar, do giz na ponta dos dedos, do que lia nos livros. Era bom saber que havia mais terra para além daquela em que vivia, que havia coisas diferentes e novas a ver, caminhos a percorrer, comidas a experimentar, pessoas a conhecer. Na escola, como à noite, Valério sonhava.
Saindo dos portões, ia caminhando para casa, passando como sempre pelo sr. Freitas. Hoje tinha mais tempo, tinha saído mais cedo, e o seu coração estremeceu de entusiasmo - podia ficar a ver o que mais desejava durante mais tempo, sentia que ia ficar mais perto dela. Mas a hora chegou e a loja teve de fechar. Como sempre, o sr. Freitas saiu cá fora e começou a puxar o gradeamento, sorrindo para Valério.
- Olá Valério!
- Olá sr. Freitas. - respondeu, meio envergonhado, desviando por momentos o olhar da bicicleta.
- Então? Último dia de aulas, não foi?
- Sim. Foi bom. Houve uma festa, os meninos levaram bolos, cantámos, desenhámos... mas já acabou.
- E tu? Levaste bolos?... - perguntou Freitas, dando à manivela do gradeamento, conhecedor da situação da criança.
- Não... - baixou os olhos por instantes - Levei uma garrafa de sumo. Os bolos são muito caros.
- Pois são... E agora, que vais fazer nas férias?
- Não sei. Devo andar com o meu pai a apanhar cartão por aí. E depois vou à ribeira tomar banho se ele não tiver nada para me dar a fazer. Os meus irmãos que ainda vão à escola também vão estar de férias.
- E tu brincas com eles? - Deu um empurrão final, com algum esforço, ao gradeamento, trancando-o.
- Não. Eles já são muito velhos, não me querem nas brincadeiras deles. - disse, olhando para o chão e à volta.
- Entao e tiveste boas notas na escola? - disse Freitas, olhando para ele.
- Tive. - esboçou um sorriso - A sra. Professora disse que tive boas notas e que me porto muito bem nas aulas, tirando quando dizem que cheiro mal. Aí vou até a quem me disse isso e dou-lhe um estalo. Mas a sra. Professora nunca me bateu por isso, só me afastava e dizia para me sentar logo, e eu ia.
- Pois, tens de ter mais calma. As coisas não se resolvem com pancadaria. - Valério olhou para o lado, envergonhado. - Mas ainda bem que tiveste boas notas, Valério!
- Sim... - encolheu os ombros.
- Olha, tive uma ideia. Vamos fazer um trato: eu tenho uma bicicleta muito parecida com esta no armazém. Era do meu mais novo, só que ele cresceu e já não pode andar nela. O trato é: se quiseres vir aqui dar-me uma mãozinha no armazém, a tirar as coisas que chegam dos caixotes e a trazê-las para a loja e a fazer estes trabalhos assim mais levezinhos, eu vou-te emprestando a bbicicleta dele. Se te portares bem, no final do Verão, dou-ta. Mas tens de cá vir todos os dias, percebes?
Os olhos de Valério brilharam como uma estrela ao nascer. Seria possível? Uma bicicleta sua? Só sua? A chave da sua Liberdade ali tão perto, tão à mão? Sorriu largamente e olhou para o sr. Freitas.
- Sim!! Eu prometo que venho cá todos os dias!
- Óptimo! - disse, passando-lhe a mão pelo cabelo, despenteando-o. - Eu vou falar com os teus pais para eles ficarem a saber. Mas tens que cá estar todos os dias às 9h da manhã! Combinado?
- Combinado!!

O sr. Freitas acompanhou-o então até casa e falou com os pais. Ao início, não estavam a gostar muito da ideia mas Freitas sabia esgrimir bem os seus argumentos e assim, após largos minutos de conversa, os pais deram a sua permissão - pelo menos o miúdo sempre iria ter alguma recompensa pelo trabalho que faria, e andava entretido em vez de andar na boa vida.
Nessa noite Valério mal dormiu. Ao jantar ouviu os mil conselhos dos pais (com algumas ameaças à mistura) e foi-se deitar. Desde o 'sim' que não caminhava: pairava pelo chão. Mal via a hora de pôr as mãos na bicicleta e sair por aí pedalando, rolando, voando pelos caminhos fora. O entusiasmo era tanto que mal dormiu nessa noite. Só queria que a manhã chegasse.
E chegou. Como prometido, e depois de mais uma sessão de avisos da mãe, às 9h lá estava ele à porta da loja.
- Bom dia Valério! Estás bom? - disse sorrindo. Via bem na cara da criança que todo ele irradiava de antecipação da felicidade.
- Bom dia, sr. Freitas. Sim, estou!
- Estás pronto para um dia de trabalho? - Abriu a porta da loja.
- Estou!
- Ainda bem! Olha, já comeste?
- Já... comi o costume, um bocadinho de pão e leite.
- E não querias mais?
- Não, não tenho mais fome!
- Tu vê lá!... se tiveres fome diz que vamos ali à frente e eu compro-te um bolito...
Valério encolheu os ombros, meio envergonhado.
- Não é preciso, obrigado!
- Então olha, toma lá esta chave, vais buscar a manivela e vais puxar o gradeamento da montra.
Parecia um sonho: ele, a abrir a montra do sr. Freitas. Os colegas nem iam acreditar nele quando lhes contasse. Ao abrir, com alguma dificuldade, o gradeamento, viu de novo o seu sonho, ali, em frente a ele.
Ao longo do dia, seguiram-se mais tarefas: trazer alguns brinquedos para a loja, limpar o pó a algumas coisas em armazém, varrer o chão do armazem, contar quanto é que havia de cada produto armazenado. Ao chegar ao fim do dia, o sr. Freitas disse-lhe:
- Valério, anda cá. Quero-te mostrar a bicicleta. - disse, dirigindo-se às traseiras do armazém. Descobrindo um velho oleado, lá estava ela. Os olhos de Valério brilharam. Não era muito diferente, de facto, da bicicleta da montra - a côr era diferente e estava mais esbatida, e tinha alguns arranhões no quadro. Os pneus estavam, obviamente, vazios, e os calços dos travões estavam meio gastos, mas serviam para o efeito.
- Que tal? Temos de lhe dar um bocado de ar, claro, mas é quase como se estivesse nova. Só tem uns 7 ou 8 anos.
- É linda sr. Freitas.
- Então olha, o teu trabalho para o resto do dia de hoje é ires dar-lhe ar. Se vires que a câmara de ar está rota, pegas nela e vais ali ao sr. Germano, da oficina, e pedes-lhe para remendar ou, se for preciso, trocar a câmara.
Valério acenou com a cabeça e foi à procura da bomba de ar. Assim que encontrou, começou a bombear com algum esforço. Sabia, pelo que tinha visto dos amigos, que não podia dar muito ar senão rebentava. Esperou alguns minutos e ia encostando o ouvido aos pneus para ver se ouvia alguma fuga. Teve sorte, parecia não haver. Imediatamente pegou nela pelo guiador e pôs-se a andar com ela às voltas pelas traseiras da loja. Ao ver isto, o sr. Freitas disse, espantado:
- Então rapaz, não te montas nela?
- Não, sr. Freitas! Eu não sei andar...
- Não sabes andar? Ora essa!! É tão fácil!
- Pois, mas eu não sei... - e virou a cara envergonhado.
- Temos de tratar disso. - olhou para fora do armazém - Anda p'ra ali p'ra fora. Bem, agora prepara os pedais como se fosses começar a pedalar e põe um dos pés em cima de um deles. Isso... Agora, quando começares a pedalar, sentas-te logo e continuas a pedalar sempre. Olha sempre em frente, nunca te esqueças disto! Se precisares de travar, carrega no travão de trás que é este da direita ou, p'ra não ser tão complicado, nos dois ao mesmo tempo. Eu vou estar sempre aqui a segurar-te atrás. Percebeste?
- Sim!
- Estás pronto?... - Valério acenou com a cabeça - Então vá. Primeiro os pedais... Isso... E agora, upa!... Vai, continua a pedalar, sem medo, isso... vamos...
- Não me largue! - exclamou, começando a olhar para trás.
- Não, fica descansado!... olha sempre em frente!... vai... agora vira, dá a volta, isso... trava, vais muito depressa... boa, agora só com o direito... Isso, vai... continua a pedalar... dá a volta outra vez mas não te esqueças de travar antes de curvar... boa, é isso tudo... vá, já chega, agora trava para parares... quando estiveres quase a parar põe um pé no chão... Isso! Vês? Está quase!
- Siim!... - disse Valério, ofegante.
- Quando fecharmos a loja, vamos para a rua, que sempre tem mais espaço e depois treinamos mais um bocadinho. Agora arruma um bocado a bicicleta, põe-na no descanso e vem-me ajudar.
Os minutos custaram a passar até ao fecho mas lá chegou a hora. Depois da loja fechada, Freitas e Valério pegaram na bicicleta e foram para a rua em frente.
- Lembras-te do que te disse?
- Sim! Preparar os pedais, olhar sempre em frente, travar antes das curvas e sempore com o direito.
- Muito bem! Então vamos lá!
Freitas pegou no selim e ajudou Valério a começar a pedalar. Passados 15 metros, Freitas soltou-o.
- Estou a ir bem, sr. Freitas?
- Estás, continua a pedalar e não olhes para trás... isso... vai...
Instantes depois, Valério olhou para trás e percebeu que Freitas já não estava a segurá-lo. A suspresa levou-o a desequilibrar-se por momentos mas continuou em frente. Quando achou que estava longe, deu a volta, como Freitas lhe tinha ensinado e dirigiu-se a ele. Assim feito, travou com o direito, quase desequilibrando-se ao parar.
- Muito bem Valério! Viste como foi fácil!!
- Eu assustei-me sr. Freitas! Devia ter-me dito que me ia largar!
- Hahahahah!! Se to dissesse irias ficar sempre à espera. Assim, percebeste que conseguias andar sem mim! Que tal a sensação?
Valerio não respondeu. O seu sorriso dizia tudo, aquele sorriso de criança que vale mais que todas as palavras do mundo, que qualquer descrição. Freitas sorriu também.
- Então agora vais dar mais uma voltinha, mas só tu, que é p'ra depois irmos embora, ok? Vai lá...
Assim foi. Posto isso, foram arrumar a bicicleta e seguiu cada um para o seu lado, despedindo-se com um caloroso 'ate amanhã'. Freitas olhou para trás e viu Valério a correr, saltitando.

No resto do Verão, Valério fez sempre mais ou menos a mesma coisa na loja, empenhando-se sempre no que fazia e chegando sempre a horas. Freitas admirava-lhe a aplicação nas tarefas, a pontualidade e bebia da sua alegria. "Este rapaz se assim se mantiver, tem um belo futuro pela frente. Que pena lá em casa aquilo... enfim...". De vez em quando iam lanchar juntos mas a hora pela qual Valério ansiava era sempre a do fecho, a hora do reencontro com as suas asas. A cada dia que passava, aventurava-se cada vez mais longe, pelo que perto do início do ano lectivo já dava a volta ao quarteirão. E o sorriso mantinha-se sempre.
Chegou-se ao ultimo dia de férias. Freitas, à despedida, disse-lhe:
- Amanhã começas as aulas, não é?
- É sim... - Valério baixou os olhos.
- Bem, este Verão passou a correr não foi?
- Foi...
- Bem... - Freitas olhou para o lado - se quiseres vir cá de vez em quando, quando tiveres tempo, sabes que preciso sempre aqui de uma mão.
- A sério? - Valério ficou com um miste de felicidade e espanto na cara.
- Sim, claro! Gosto muito de te ter por cá. Se quiseres vir cá amanhã, fico muito contente.
- Se eu amanhã tiver tempo, eu passo, eu prometo! - disse, aos saltos.
- Então cá te espero... Até amanhã Valério... e entra com o pé direito!
- Está bem! Até amanhã sr. Freitas!
Dito e feito. Nesse ano, Valério ficou com as aulas de manhã o que lhe deixava as tardes livres. Assim que saiu da escola, foi ter com Freitas de sorriso nos lábios. Antes de entrar, reparou que a bicicleta que sempre quisera já tinha desaparecido da montra. Freitas, ao vê-lo, sorriu também.
- Olá miúdo!
- Olá sr. Freitas!... puf... - expirou de cansaço.
- Então, estás cansado? Como foi o dia de aulas?
- Foi bom, a sra. Professora é a mesma!
- E trabalhos de casa? Já tens?
- Já... tenho a composição sobre as minhas férias para fazer.
- Então olha, ainda bem: Aproveitas para descansar um bocadinho, sentas-te ali à secretária do meu escritório e fazes a composição. Depois vamos lanchar, que dizes?
- Está bem! - pegou na mochila coçada e foi para o escritório, pondo-se a fazer a composição. Quando terminou, lancharam juntos. Durante o lanche Valério perguntou:
- O que aconteceu à bicicleta da montra?
- Vendi-a. Uma senhora passou por cá e comprou-a de manhã.
- Ah... está bem... - e calou-se, resignado. Valério sempre quisera aquela bicicleta mas, tendo aprendido na outra, começara-se a afeiçoar a essa, pelo que a surpresa não o deixou muito aborrecido.
Aproximou-se a hora de fecho.
- Valério?... Anda cá se faz favor.
- Diga!...
- Não vais andar de bicicleta um bocadito?
- Posso ir, sr. Freitas? - disse, sorrindo como costume.
- Podes, mas olha que de manhã chegaram umas encomendas e tive de arrumar a bicicleta debaixo do oleado outra vez. Vai lá e tira-a com cuidado!...
- Ok, sr. Freitas, obrigado! - e saiu a correr.
Freitas ficou com um sorriso nos lábios. Valério, ao chegar ao oleado, puxou-o para trás com cuidado. Ao fazê-lo o seu coração pulou de alegria e os seus olhos nem podiam acreditar: a velha bicicleta estava lá mas tinha companhia. Ela era brilhante, cromada, com mudanças e suspensão, com um volante muito mais estilizado até que a bicicleta da montra, o seu velho sonho. Percebia-se nitidamente que era um modelo mais recente. Valério esfregou os olhos imensas vezes.
- Sr. Freitaaas!!! - gritou ele, chamando.
- Diz Valério! - respondeu ele, imediatamente por trás dele, sorrindo.
- Esta bicicleta... é nova!
- Sim, é!
- É do seu filho, ou do seu neto?
- Não Valério.
- Então é de quem?
- É tua Valério! Comprei-a para ti.
Freitas nunca tinha visto tamanha alegria. Valério pulava, gritava, corria de alegria. Quando parava, ficava especado a olhar para a prenda, quase com medo de lhe tocar. Era bom de mais para ser verdade. Desaparecendo para o interior do armazém, Freitas comovido, ia fechando a loja. Valério, esse, vivia aquilo que era.

4 comentários:

Sílvia disse...

Uma boa história..nem todas podem acabar mal e o miúdo merecia o seu happy ending...:)
Gostei da foto ( dá vontade de agarrar aueles raios de sol!) e da frase do dia.

Mag disse...

Que história tão doce... amei!

Ana Caetano disse...

que delicia de história...

Joana Canais disse...

Adorei...estou sem palavras...uma história simples e maravilhosa...