9 de julho de 2009

"I have come to believe that the whole world is an enigma, a harmless enigma that is made terrible by our own mad attempt to interpret it as though it had an underlying truth."
Umberto Eco


Uma das primeiras lições que eu aprendi em Filosofia (longe vão esses tempos do 10º ano) é que o nosso ponto de vista é miope. Não me lembro se já o aqui tinha dito mas creio ser uma das maiores verdades que algumas vez me foram ditas. Nós não conseguimos acompanhar tudo o que nos rodeia, a nossa biologia não o permite, é natural... Frustrante mas natural. Imaginem o que era se conseguíssemos ver num espectro mais alargado de frequências electromagnéticas - não indo mais longe, alargando ao ultra-violeta e ao infra-vermelho: em dias de maior calor e intensidade luminosa, ficariamos praticamente cegos com a radiação UV que nos impediria de ver as restantes cores; de noite não conseguiriamos dormir pq não haveria grande escuridão. Mas também, certamente, que os nossos ritmos seriam outros...
Extrapole-se agora para outro nível. Quantas vezes tentamos perceber o que se passa à nossa volta, as reacções das pessoas, como se tentassemos ver coisas que estão noutra "frequência" ou noutro "canal" que, sem a aparelhagem necessária, nunca conseguiremos ver?... Era bom, não era? Mas essa necessidade premente, no que toca à compreensão (e que tem alguns mecanismos biológicos rudimentares), à empatia, à sintonia com outras pessoas é essencialmente substituida pela nossa mente. E aqui está a grande fonte de erro. A partir do momento em que utilizamos a nossa mente como ferramenta aproximada de empatia humana estamos a julgar as acções, a prever comportamentos, a definir emoções de acordo com a nossa experiência, ponto de vista, racionalidade e maneira de ser - em suma, de acordo com o que nós próprios somos. A lógica é simples - eu sou um Ser Humano, a outra pessoa também é, logo, a nossa maneira de ser é semelhante. Parece limpo, certo? Errado. Há uma falha gravíssima: todos nós somos diferentes. E sabêmo-lo, daí que, por vezes, tenhamos tanto medo daquilo que outras pessoas (que assumimos como diferentes de nós) pensam. Outras vezes temos medo precisamente porque sabemos o que somos e julgamos os outros capazes de fazer o que faríamos, mas isso está na outra ponta do espectro.

Do Ser Humano - que é parte integrante da Vida - extrapolamos para o resto da Vida. Arranjamos as mais diversas vertentes da Ciência para entendermos o que nos rodeia, para responder às míticas, clássicas, sempre-eternas questões de "Quem sou eu?" ou "De onde vim?", tudo com base na nossa Razão, e, consequentemente, no nosso ponto de vista miope. Tudo o que daí deduzimos sobre o funcionamento da Vida - esse grande Enigma - é, também, miope, aproximado apenas numa escala larga. Queremos descobrir o princípio subjacente da Vida, o porquê da Vida, assumindo que a Vida tem de ter uma Razão (eu também acredito nisso!); mas, quem disse que a Vida tem uma Razão de Ser? Já perguntaram a Deus (quem n'Ele acredita) porque é que Ele "É"? Ele, simplesmente, É. E nesta frase está tudo incluído: essência, justificação, princípio, meio, fim, tudo! Qualquer dedução lógica que encontremos, com base em qualquer prova que consideremos encontrar, será sempre subjectiva, afastada da Verdade. E, no fim, de que nos serviria saber tudo isso? As coisas seriam diferentes? Deus seria diferente, agiria de maneira diferente? A Vida correria de maneira diferente? Só nos aconteceriam coisas boas? Morreríamos primeiro, "enjoveneceríamos" e deixaríamos de existir com um orgasmo?... creio que sabemos a resposta a isso...

...Por isso, porque não, somente, "sermos"?...

2 comentários:

Anónimo disse...

Maybe in order to understand mankind we have to look at the word itself: MANKIND. Basically it's made up of two separate words "mank" and "ind". What do these words mean? It's a mistery and that's why so is mankind. Jack Handey

Hélio disse...

Bem visto! HAHAHA